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terça-feira, 20 de abril de 2021

Ontem, Hoje e Sempre

 “Qual é o brinquedo preferido dos argentininhos? R: O yo-yo”.

mais uma piada que diz que argentino é arrogante; na prática, não é assim.

Foto 2013 que tirei do Estádio La Boca.



Foto de 2018 no mesmo lugar.
Brasileiros e argentinos têm uma rivalidade cujo motivo é difícil de se explicar. Pode ter haver com momentos históricos, como a Guerra Cisplatina ou a construção da usina hidrelétrica de Itaipu ou simplesmente as várias partidas de futebol de diversos torneios. Realmente é uma relação difícil de se entender, já que no Mercosul eles são amigos, mas nos gramados a briga é feia. Brasileiros adoram contar “piadas de argentinos” que sempre dão a entender que estes seriam muito arrogantes. 

Bem, o que eu, como brasileiro, posso falar sobre a minha experiência das várias vezes que fui a Buenos Aires (se somados os dias, totalizariam quase três meses passados nessa cidade), é que fui muito bem recebido por todos, em hoteis, restaurantes e outros serviços que oferecem. Só aconselho desconfiar mesmo dos taxistas. Famosos por espalharem notas falsas pela cidade, em 2012 eu fui preparado e conferia cada nota que recebia de troco deles. Mesmo assim, numa ocasião, quando fui trocar os pesos argentinos por pesos uruguaios em Montevidéu, o atendente me devolveu a nota de ARS$10,00 (dez pesos) porque era falsa. Lembrei que só podia tê-la recebido na última viagem de táxi que fiz, pois ao descer, apressado, não conferi o troco. O prejuízo não foi grande. Algo como quase dois reais. Mas a cotação do peso argentino variou MUITO nos últimos anos. Na última vez que fui, ARS$10,00 valiam R$0,50. Então, confira no Google para saber a cotação da sua moeda.


La Boca.

Outro lugar super normal de turista pagar mico é no ônibus, pois o sistema é um pouco diferente do brasileiro. Entre com muita certeza de onde você descerá porque o preço da tarifa que será descontado no seu cartão SUBE é colocado pelo motorista logo na entrada, dependendo da informação que você der a ele. Não há mais aquele sistema das moedas, que eram depositadas numa máquina atrás do motorista. Agora você pre-ci-sa ter o cartão SUBE, uma “tarjeta” que você compra em quase qualquer “kiosko” (lojas que vendem diversos tipos de produtos) e recarrega em dinheiro, para usar nos ônibus, metrôs e trens da cidade. Pelo menos, melhorou. Na primeira vez que fui, a gente depositava o dinheiro numa máquina que SÓ aceitava moeda.

Casa Museu Sarmiento.

E sobre andar de trem, como será? Quando fiz um passeio de trem até a cidade de Tigre, as tarifas eram $20,00 (vinte pesos argentinos), mas, com o cartão SUBE, o preço saiu pela metade ou até menos. São mais de 30 km desde a estação Retiro até o Tigre, quase sempre às margens do Rio de La Plata, e dá pra descer em alguma estação e depois pegar o próximo trem. Ao longo das mais de dez paradas, podemos descer em qualquer uma sem precisar comprar outro bilhete ao reembarcar. Depois de descer, a gente sabe que o próximo trem virá em trinta minutos e, assim, podemos continuar o passeio (lembre-se que, por conta da pandemia, talvez esse intervalo esteja maior). Esse tempo é o suficiente para conhecer um pouco de cada estação, cada uma com algo diferente a mostrar. Mas só duas me pareceram interessantes: na Anchorena vê-se bem o Rio La Plata, que talvez você não ache bonito, já que a água tem uma cor marrom; na estação San Isidro, há galerias, uma igreja e praças bonitas.

Visitei a cidade do Tigre duas vezes. Na primeira, apenas conheci o Museu Naval e caminhei pelas margens do rio tomando um sorvete de doce de leite. Na segunda, fiz o passeio de barco de uma hora por ARS$120,00, mas havia também a opção de passeio de duas horas. Há saídas de diferentes empresas o dia todo (o preço era o mesmo). Uma gravação em áudio explica o que se vê, mas achei difícil de entender. Mesmo assim, adorei. Foi interessante navegar pelos canais como se estivesse andando de ônibus ou de carro, porque os canais têm nomes, como as ruas, e são cheios de casas, há até igreja e escola. Passamos pela Casa Museo Sarmiento, onde viveu o ex-presidente Sarmiento, que está coberta por um vidro para protegê-la melhor das ações do tempo. O Puerto de Frutos é um bom lugar de se ir depois desse passeio, para almoçar e olhar os artesanatos. Na volta, quem sabe se você desce na estação de trem Belgrano e conhece o Barrio Chino (a Chinatown de lá), mas, pra quem já conhece o bairro Liberdade, de São Paulo, é bem sem graça.

Museu do Humor constrastando com os arranha céus de Porto Madero.

O Rio de La Plata também pode ser visto a partir da Reserva Ecológica Costanera Sur, no lado leste de Puerto Madero, tendo-se a opção de três trilhas para caminhar. Não são trilhas estreitas, são como estradas de terra por onde passam ciclistas, corredores, ou pessoas a passeio. Em um determinado trecho, vê-se o rio. A reserva tem entrada gratuita e não abre às segundas-feiras. Quando eu visitei, não achei bonita. Mas me parece que houve reformas, então talvez esteja melhor. De qualquer forma, ela fica bem perto de Puerto Madero. Então, se não gostar de lá, o passeio por Puerto Madero e seus arredores vale a pena.

Antiga estação ferroviária transformada em outlets em Palermo.

Palermo é um bairro por onde gosto muito de caminhar porque o acho muito bonito e sinto que é um lugar onde a criatividade argentina bastante se expressa. A arquitetura, os grafites, as vitrines das lojas... Tudo parece querer passar uma mensagem, não apenas ser bonito. Por isso, o bom desse bairro é andar por ele. O Distrito Arco Premium Outlets é uma antiga estação ferroviária reformada e transformada numa espécie de shopping center a céu aberto. Mesmo sem comprar nada, vale a pena o passeio. Meu único gasto foi com um prato de molejas (pronuncia-se “mojerras”), uma glândula do boi, uma novidade deliciosa pra mim.


Mariano, o melhor guia de turismo que já conheci.

Não gostou da opção de almoço? Então pegue um ônibus ou qualquer outra coisa e desça várias quadras da Avenida Corrientes (você já estará nela), até a Pizzaria Guerrín, na Avenida Corrientes, 1368. Recomendo o sabor queijo com cebola. Falando assim, pode soar como algo sem graça, mas você precisa mesmo ir a essa pizzaria, nem que seja de passagem rápida durante o dia e pegar apenas uma fatia de pizza ($40,00 em média) ou uma fogazza. A massa é deliciosa e o recheio é muito generoso. É a pizza mais gostosa que comi na vida.

Palácio das Águas Correntes.

A um quilômetro dali, uma das maiores surpresas que a Argentina já me deu: o Palácio das Águas Correntes é um museu que te conta a história do... tratamento da água e esgoto! Nunca vi isso em lugar algum do mundo. É uma pena que poucas pessoas saibam da existência dele, eu mesmo só o conheci na última vez que estive em BUA (já fui mais de dez no total). É impossível não passar despercebido diante daquele monumento de três andares em cerâmica vitrificada, já que o tamanho, a beleza e o fato de estar numa avenida conhecida (Córdoba) ajudam. Mas poucos turistas desbravam seu interior e aprendem sobre a evolução do saneamento básico da capital, desde o tempo em que a falta de asseio da captura da água do Rio de la Plata e as doenças resultantes disso obrigaram a construção do prédio, pra que todo o processo da captura e distribuição de água e esgoto da cidade fosse feita com cuidado e asseio. No início, causa estranhamento saber que peças foram trazidas da Europa pra embelezar o quê?... Um tanque de água! No entanto, quando li que essa foi uma maneira de se dar valor à higiene pública, fiquei ainda mais deslumbrado. Com o crescimento de BUA, a estação de tratamento passou a outro lugar e o Palácio virou um museu, um dos mais surpreendentes que já visitei, ainda mais com essa mensagem de se engrandecer um prédio responsável pelo saneamento básico, que, infelizmente, não é algo tão básico para muitos.

 

De todas as formas de se locomover pela cidade, faltou só falar do metrô, um meio de transporte que é também um atrativo turístico, por ser o mais antigo da América Latina. Na linha mais antiga, a linha A, cada estação tem uma cor e mosaicos nas paredes, devido ao grande número de analfabetos da época de sua inauguração (1913), então as pessoas se guiavam pelas cores da estação. Viu como indo a qualquer lugar, em qualquer época e por qualquer transporte, BUA é cheia de novidades?


Vista de quem chega a BUA pelo Aeroparque.

Mais informações:

Para dançar tango, Villa Malcom ($130,00 pra entrar) ou Salón Canning ($150,00), mas La Viruta é pra onde todo mundo vai. Mas antes da meia noite, só dá turista. Depois é que os argentinos chegam.

Aos domingos os metrôs circulam com maior tempo de parada entre as estações e com menor velocidade.

https://museoroca.cultura.gob.ar/

https://www.buenosairesturismo.com.br/passeios/tigre-delta.php

quinta-feira, 24 de dezembro de 2020

Buenos Aires - Argentina 

Bairro de San Telmo

Minha primeira viagem deste ano foi a Buenos Aires. E é com ela que eu encerro as publicações de 2020. Já escrevi sobre ela outras vezes, inclusive para outros sites. O último deles foi publicado no BUENAS DICAS:

https://www.buenasdicas.com/visitas-guiadas-gratis-buenos-aires-12006/

E tem mais artigos sobre BUA aqui também. É só clicar no índice aí na coluna direita do blogue.



Pôr do sol no bairro de Barrancas.


Dá pra passear muito bem a pé por BUA e o transporte público é muito bom e muito barato. Mesmo assim, se você prefere alugar carro, faz um orçamento na RENTCARS. É só clicar em qualquer um dos banners aqui no blogue.


segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Era Preciso Voltar

“A vida não espera. A vida passa. Nunca peça pra que as coisas aconteçam como você quer. Mas procure querer as coisas como elas acontecem, pois, assim, elas vão ficar como você tanto desejou.” 
Fábio Jr, no último capítulo da novela Antônio Alves Taxista.
Com minha amiga argentina Carla, em meu último dia em Buenos Aires.
Quando conheci BUA em 2012, decidi que eu tinha de voltar. Além de revisitar o Caminito, Cemitério da Recoleta, Teatro Colón, lugares dos quais já falei em outros textos, durante essas minhas últimas idas lá, conheci lugares fora do circuito turístico principal, mas tão interessantes quanto os falados até agora.
Deu pra perceber o quanto eu gostava de pancho?

A maioria dos pontos turísticos de BUA, quando são pagos, têm tarifas diferentes para turista estrangeiro e turista argentino. Algumas chegam a ser o dobro do preço. Mas, quando se tem um hermano ou hermana com você, dá pra dar um jeitinho. Quando visitei o Museu do Holocausto, cujo preço do ingresso não me lembro, fiquei de bico fechado na fila do caixa para que ninguém percebesse meu sotaque e deixei que minha amiga argentina comprasse os bilhetes, para conseguir um preço mais baixo.
Pra variar um pouco, uma panqueque de dulce de leche, na Estação San Isidro.
Quando fizemos um passeio de trem até a cidade de Tigre, as tarifas eram $20,00 (vinte pesos argentinos) para turistas estrangeiros e $10,00 para turistas argentinos. Fiz o mudo de novo e deixei que minha amiga Alejandra comprasse pra mim. Dentro do trem, quando a fiscal passava, também tratei de calar a boca. Chama-se Trem da Costa, que inicia seu itinerário em Vicente Lopes, lugar bem afastado do centro da cidade. Vai desde a Estação Maipu (que não tem nada a ver com aquela Rua Maipu no Centro) até a estação Delta, na cidade de Tigre. Num trajeto de 16 km às margens do Rio de La Plata, é permitido parar nos lugares mais pitorescos da zona norte de BUA, com parques, igrejas, feiras de artesanato e antiquários. Antes de chegar à estação Tigre, que tinha também parque de diversões e cassino, podemos parar em todas as estações, mas só umas três são interessantes: da Anchorena tem se a vista do Rio La Plata, que nem é tão bonito, é de uma água marrom bem feia; a estação San Isidro é a mais bonita, com várias lojas e uma feirinha de artesanatos e Igreja; e a estação Tigre. Ao longo das mais de dez paradas que o trem faz, podemos parar em todas sem precisar comprar outro bilhete ao reembarcar. Depois de descer, a gente sabe que o próximo trem virá em trinta minutos e, assim, podemos continuar o passeio. Esse tempo é o suficiente para conhecer um pouco de cada estação, cada uma com algo diferente a mostrar.


Uma das réplicas do Museu Naval.
Por $8,00 (pesos argentinos), conheça o Museu Naval, às bordas do rio Tigre. Andar por aquela margem tomando um sorvete de doce de leite...


Tava achando que era em tamanho real, né?
O Rio de La Plata também pode ser visto a partir da Reserva Ecológica Costanera Sur, no lado leste de Puerto Madero, tendo-se a opção de três trilhas para caminhar. Não são trilhas estreitas, são como estradas de terra por onde passam ciclitas, corredores, esportistas. Em um determinado trecho, vê-se o rio. A reserva não abre às segundas-feiras e tem entrada gratuita.
E Palermo também possui vários parques e bosques.
Se, assim como eu, você tem algum amigo lá, explore ele mais um pouquinho e peça antecipadamente pra ele te conseguir um comprovante de residência dizendo que você mora em BUA, pra poder usufruir do sistema de transporte público em bicicletas. São mais de 60 pontos de coleta espalhados pela cidade, de graça. De graça também são os pontos turísticos de que falarei a seguir.
Tipo o Museo Nacional Ferroviário, no bairro Retiro,
com sua linda exposição de... privadas(!?).
A Casa Rosada pode ser visitada todos os sábados, domingos e feriados, das 10h às 18h. Os grupos entram a cada dez minutos e a visita dura uma hora. Como eu fui em alta temporada, peguei uma senha e esperei cerca de meia hora pra entrar, observando a foto de Getúlio Vargas na parede. A visita é meio corrida. Não dá muito tempo de observar detalhes e tirar foto com cuidado.
E eles ainda ficam te vigiando o tempo todo.
O salão principal, onde trabalha Cristina Kirchner, não pode ser fotografado. No meio da visita, dei o perdido na guia e na turma e entrei por corredores que não pareciam abertos a visitação – mas também não estavam fechados e não havia nada dizendo que era proibido entrar por ali. Fotografei as salas como se eu fosse José Anselmo dos Santos (espião brasileiro), mas não encontrei nada de mais e nem fui descoberto, perseguido, interrogado e torturado.
E pensar que me arrisquei pra ver só isso...
Na parte de trás da casa, há ainda o Museu do Bicentenário, funcionando das 11h às 18h, de terça a domingo. É um mergulho na história argentina, que você também pode ter no Congresso Nacional. Para as visitas guiadas gratuitas neste, você precisa ligar 4127-7100 ramal 3680 e pedir informações. Espero que você aprenda mais do que eu, que, em vez de fazer registro fotográfico histórico, ficou tietando uma estrela da televisão brasileira que, coincidentemente, fazia a mesma visita.
Com Thaís de Campos na biblioteca do Congresso Nacional.

Embora se esteja outro país, a Argentina não é um lugar onde os brasileiros têm grandes problemas de comunicação, devido à semelhança entre espanhol e português. A gente encontra até atrizes globais nos pontos turísticos.

É na Plaza de las Naciones Unidas (foto acima), onde está a famosa flor de metal. Ela se abre ao nascer do sol e fecha quando ele se põe. Só que não. Está estragada faz tempo. Ali do lado, estão o Museo da La Televisión PublicaO Palais de Glace, ou Palácio Nacional das Artes, e o Museo de Bellas Artes, que não pode ser fotografado. Isso tudo no mesmo bairro, Recoleta, o mesmo do famoso cemitério (veja texto de abril de 2013).
Já o Museu Metropolitano fica em Palermo.
San Telmo também tem praças lindas, onde podemos encontrar a famosa Mafalda, dos quadrinhos.
A excitação que eu tinha toda vez que eu voltava a Buenos Aires durante os meses de cruzeiro acabou me deixando encantado demais e um descuido besta fez com que eu perdesse meu trabalho no Costa Fascinosa e o respeito conquistado perante alguns membros da tripulação. Ao chegar ao porto depois dos meus passeios, estranhei a falta de movimento de taxistas e de turistas e vi todos os portões fechados. Avistei um funcionário, acenei pra ele, que veio até mim dizendo que o barco já tinha ido e que realmente tinham dado falta de uma pessoa a bordo.

O erro foi meu, que fiquei condicionado a ver o navio zarpar sempre às 20h, afinal tinha sido assim das últimas oito vezes. Então, eu não prestei atenção ao jornal de bordo, que nos informava que era preciso voltar às 17h daquela vez.
O que é que eu faço? O que é que eu faço?
(!) Daí me lembrei de que, no dia seguinte, o Fascinosa chegaria a Punta Del Este (texto de junho), então era só ir atrás dele. Ir de ônibus seria mais caro e bem mais longe do que de balsa da Buquebus, que atravessava o Rio de La Plata até Colônia e, de lá, íamos de ônibus até Montevidéu. Custou $266,00 pesos argentinos, ou seja, uns R$90,00. Da capital uruguaia até Punta Ballena, $183,00 pesos uruguaios, ou seja, uns R$20,00. Dei uma paradinha na Casa Pueblo para escrever o texto publicado em maio, e segui pra Punta, que fica só a 18 km de lá. Recuperei o navio, mas a direção disse que a minha falha foi considerada grave e que eu deveria entrar, pegar mais coisas, e ficar por ali mesmo. Desci em Punta, fiquei duas horas numa lan house pensando no que faria da vida. Seria até mais poético e plasticamente bonito pensar na vida enquanto se caminha pela praia, de pés descalços, deixando a água me molhar ocasionalmente, tipo nas novelas, mas eu já tinha vivido uma história encantada por tempo suficiente a bordo e agora não adiantava fazer melodrama, por mais que estivesse vivendo um. A minha bagagem me pesava as costas, então era melhor pensar numa solução sentado. Cogitei dormir uma noite em Punta, mas já tinha gastado muito dinheiro. Fui pra rodoviária. Ainda bem que eu tinha dólares, porque meu cartão não passou na rodoviária e eles não aceitavam reais. Paguei 103 dólares numa passagem até Porto Alegre, viajei das 23h às 9h num ônibus bem confortável, com lanchinho e refrigerante, desci na rodoviária de Porto e peguei um ônibus para Caxias do Sul, cidade da qual eu tinha me despedido três meses antes e onde fui muito bem Re-recebido.
E onde eu aprendi a escrever uma história diferente da planejada.

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Bandeira 2

"Nunca a imaginação pode dizer: é só isso. Sempre há mais que isso”.
Gaston Bachelard, filósofo e poeta francês.

Loja de artesanatos no Caminito - Buenos Aires - Argentina
No primeiro texto que publiquei sobre Buenos Aires (BUA), em janeiro de 2012, eu ajudei a aumentar a má fama que têm os taxistas da cidade. Contei sobre o prejuízo de dez pesos argentinos (o que não é lá grande coisa) que tive ao pegar um táxi. Eu tinha pressa para pegar a balsa para Montevidéu e não conferi as notas quando o taxista me deu o troco da corrida. Descobri o golpe na casa de câmbio, ao tentar trocar o dinheiro por pesos uruguaios. Mas isso foi no ano passado. 
Pra tirar uma foto com o Maradona, precisa comprar alguma coisa na loja.
Dessa última vez, quer dizer, dessas últimas oito vezes que estive em BUA no verão deste ano, fui acompanhado dos meus colegas de trabalho do Costa Fascinosa. É que, como fiquei trabalhando no navio por dois meses e meio, fui oito vezes à cidade, e ficava por lá dois dias em cada ida. De volta à capital federal argentina, fiquei com os dois pés atrás e de olho em cada mínimo movimento do taxista a cada vez que eu entrava num carro, mas não adiantou, dei bandeira pela segunda vez.
Quer comprar? Dá pra transformar num táxi.
Descobrimos uma outra falcatrua, que não chega a ser um golpe descarado. Na verdade, o freguês é que acaba sendo um pouco culpado por pensar que está levando vantagem. Das vezes em que meus amigos e eu fomos ao Caminito e a Porto Madero tendo como ponto de partida o porto dos navios de cruzeiro, os taxistas combinaram conosco o valor da corrida antes de entrarmos no coche. Como conseguíamos encher um carro, e cada real valia três pesos argentinos (isso no mercado negro), a gente acabava achando barato o valor proposto por eles e íamos, bem faceiros.
Parada pro lanche.
O Caminito fica no bairro La Boca, onde também está o estádio de futebol do time Boca Juniors, também chamado de La Bombonera. Um dia, voltando de lá, pegamos um taxista honesto (será?), que ligou o taxímetro e nos explicou que um motorista só combinaria o valor da corrida sabendo que daria um valor mais alto do que o do reloj, lógico, senão ele ficaria no prejuízo. Ao pagarmos por essa corrida, vimos que era verdade. O valor da ida, preço combinado antes, deu quase o dobro do valor da volta, com o taxímetro ligado. Nem acreditei que um lugar daquele pudesse ter originado uma novela com um cara tão honrado quanto “Antônio Alves Taxista”.
Crianças jogam futebol na frente do estádio Boca Juniors.
Mesmo com todos esses riscos, o táxi ainda continua sendo o modo mais vantajoso pra se andar em BUA, quando se tem pelo menos uma pessoa com quem dividir a conta. Como diria Angélica, “Vou de táxi, mas só com você”. É mais barato do que no Brasil e agiliza a vida do turista que quer ver a cidade inteira. Os ônibus são complicados, dessa vez eu nem tentei entender a lógica deles. Usei o metrô ($3,50 - pesos argentinos), que tem um aspecto sujo, ao mesmo tempo que é charmoso e tem sempre algum músico pra te distrair durante a viagem.


Além de bater perna de dia, queríamos aproveitar a noite, lógico. Éramos loucos, realmente. Terminávamos de trabalhar às 2h da manhã, trocávamos de roupa, tomávamos um táxi em busca de alguma balada. E o taxista ajudava a aumentar ainda mais a nossa pilha colocando o som alto e acendendo todo o aparato de luz interna, como se estivéssemos num club ambulante. O povo só falava da tal boate Amérika, que tinha entrada + bebida liberada por 100 pesos, o que era MUITO barato. Eu não fui. Conhecemos o La Bruja ($25,00 entrada) e a Kika ($50,00 entrada com direito a uma bebida), ambas no bairro Palermo. Nem parecia que estávamos em outro país. Tinha brasileiro por tudo quanto é canto e o DJ tocava muito Luan Santana, Michel Teló e coisas do gênero. Muito engraçado.

Alguns dos lugares de que falei aqui, na verdade, eu estava REconhecendo, pois já os tinha visitado no ano passado, mas, como meus amigos ainda não conheciam, era divertido ver a empolgação deles diante da novidade e era bom reparar em detalhes que eu não tinha visto na primeira vez. Tá, chega uma hora que cansa ver aquele povo batendo foto de umas coisas que você já viu uma dúzia de vezes, mas não me incomoda fazer um roteiro turístico de novo, porque acaba não sendo igual, nunca. Alguma coisa sempre está diferente – o lugar, a companhia, ou a gente mesmo.
Nosso time era o melhor.

O passeio ficou muito bem registrado.

terça-feira, 30 de abril de 2013

Pé na Cova

“La muerte los mira silenciosamente. Paz Del cementerio, del lado, de enfrente.”
trecho de La vida y la muerte, poesia de Susana Espósito.

Metrópole ou Necrópole?
Rufina era uma jovem que, no dia do seu aniversário de 19 anos, descobriu que seu namorado era também amante de sua mãe. O peso da notícia a faz sofrer um ataque do coração e morrer. A menina foi velada, levada para a Recoleta, e seu caixão foi colocado dentro de outro féretro de mármore, que foi soldado. A avó de Rufina viajava e, ao saber da morte da neta, pegou um navio da Europa até Buenos Aires, mas não conseguiu chegar a tempo para o funeral, porque, na época, 19eseiláquanto (mil novecentos e sei lá quanto), o transporte e a comunicação não tinham a velocidade de hoje. Desde o momento que recebeu a trágica notícia, a senhora tinha a sensação de que a neta vivia. Ao chegar a Argentina, inconformada, exigiu ver a neta, mesmo depois de enterrada, tão forte era seu pressentimento. A família atendeu seu desejo, e todos tomaram conhecimento de algo mais terrível do que o falecimento da menina. A avó estava certa em sua previsão e agora via o corpo da neta todo revirado e com arranhões nas mãos. A menina vivia quando fizeram o serviço funerário. Era cataléptica. É por isso que, ao visitar o Cemitério da Recoleta, em Buenos Aires, e olhar para o sepulcro de Rufina, verá uma moça segurando uma fechadura, com expressão vencida, e sem demonstrar força com a mão, pois ela sabe que tentar abrir a porta já é inútil.

Que meeeeeda!!!
Há muito tempo a palavra necrópole era mais usada que cemitério. Pois na Recoleta o nome cairia muito bem se ainda fosse esse. O cemitério (palavra de origem grega que significa dormitório) é como uma cidade, cada via recebe um nome e todos os túmulos têm número. Os números não ficam no túmulo, mas num mapa localizado à entrada, onde é possível localizar o falecido a partir de seu sobrenome, usando a lógica do jogo batalha naval. Como seria para achar Evita Perón, por exemplo, que é o túmulo mais procurado? Procura-se por Duarte, que é seu sobrenome de solteira, e se nota que está no quadrante M-5 (não é esse; inventei agora só para exemplificar). Olhamos ao lado esquerdo, na letra M, e acima, no número 5. Cruzamos as informações e chegamos ao quadrante onde o túmulo dela está. Aí é só andar até lá. Durante a procura, é normal ver pessoas perdidas tentando encontrá-la, porque sempre a procuram por Perón, sobrenome de casada.
Todos querem visitar Evita.
O túmulo dela é o único que tem flores novas 24 horas por dia, todos os dias do ano, e está em um corredor estreito, que se torna de difícil acesso, se há um grupo de turistas. Todos se amontoam para ver e fotografar. O engraçado é ver as pessoas sorrindo ao serem fotografadas ao lado da catacumba; já os discretos e respeitosos ligam o desconfiômetro e fazem expressões dramáticas ao posarem com a ex-primeira dama, que finalmente conseguiu descansar em paz, depois da saga por que seu corpo passou até poder ter sossego no campo santo da Recoleta. Seu cadáver, que tinha sido embalsamado, foi roubado em 1955 pelos militares que tomaram o governo Perón em golpe de estado. Tal atitude de desrespeito com a falecida foi devido ao temor que o corpo da mãe dos pobres virasse um objeto de idolatria pelos seguidores de Perón.
O país parece viver em luto eterno pela "mãe dos pobres".
“Por fim, Pedro Aramburu, novo presidente empossado, delegou ao coronel Carlos Koeing a missão de sepultá-la secretamente. Ao invés de cumprir sua missão, o bizarro militar escondeu o corpo em diferentes lugares até que o instalou em seu escritório. Em pouco tempo, o oficial fora afastado e um plano de remoção do corpo fora montado. A chamada “Operação Traslado” enterrou a defunta na Itália com o pseudônimo de Maria Maggi de Magistris. Ao longo da década de 1960, a população argentina desconfiava da versão oficial de que o corpo de Evita tinha sido destruído. Em 1970, o presidente Aramburu foi sequestrado por jovens peronistas que exigiam informações sobre o cadáver da idolatrada “Madre Mía”. O presidente se recusou a revelar o paradeiro e acabou sendo executado pelo grupo. No ano de 1971, o governo argentino resolveu entregar o corpo para Juan Perón, que se encontrava exilado na Espanha. Em 1973, com o retorno da democracia, Perón venceu as eleições e deixou o corpo de Evita em terras espanholas. Inconformados, os peronistas realizaram o sequestro do corpo do ex-presidente Aramburu e exigiram que a idolatrada figura voltasse ao país natal. No ano seguinte, Juan Perón faleceu e o governo argentino foi assumido por Isabel Martínez, que compunha a chapa como vice-presidente. Ela mesma tratou de colocar Evita ao lado de Juan Perón, na residência presidencial de Olivos. Em 1976, um novo golpe militar tomou a Argentina e mudou os destinos de Evita. Visando acabar com a boataria, o novo regime entregou o corpo às irmãs de Evita Perón. Até hoje, o corpo de Evita se encontra depositado no Cemitério Recoleta, alvo de várias peregrinações.” Fonte: http://www.historiadomundo.com.br/idade-contemporanea/o-corpo-de-evita.htm.

Enquanto Evita tem todas as atenções, outros têm o abandono.
Se você não estiver com paciência para ouvir as aventuras derradeiras de algum moribundo, pode ir ao local apenas para apreciar o acervo de belíssimas esculturas que adornam os túmulos:
Recoleta é praticamente um museu a céu aberto.
 
Impossível não imaginar as histórias por trás desse mármore de carrara.
O temor da morte e de tudo que a ela é relacionada torna uma visita a um cemitério algo inimaginável para algumas pessoas, mas essa foi pra mim uma experiência enriquecedora e até divertida - Achei um túmulo com o sobrenome da minha família (a foto está em outra publicação que fiz sobre Buenos Aires). A curiosidade maior é poder enxergar os caixões. No Brasil e em vários países, os féretros estão sempre escondidos debaixo da terra ou atrás de paredes de mármore ou granito. Na Recoleta, vários são visíveis, através das portas de vidro ou das grades de ferro que fecham os mausoléus. Alguns túmulos são chamados de Banelco, porque o seu aspecto moderno que eles têm, mais quadrados, sem marquise, e com muito vidro, lembram um caixa eletrônico.
Quer entrar e conferir seu saldo de pecados?
O lugar é lindo, mas eu não gostaria de passar a eternidade em nenhum cemitério, mesmo que fosse um dos mais famosos do mundo. Que bom que hoje as pessoas pararam de acreditar que o espírito só continua vivo se o corpo estiver bem conservado, como se acreditava no Egito. Que bom que se tem usado cremar e depois jogar as cinzas no mar, nas montanhas, numa forma mais poética de se praticar o desapego - uma forma que não é a mais barata, mas mais inteligente de se aproveitar espaço, principalmente em cidades que crescem rápida e desordenadamente. Desperdiçar terras com mortos, a meu ver, é bobagem. Por outro lado, a cremação polui. Se algum parente meu ler isso, quero que saiba que eu prefiro que atirem meu corpo a animais selvagens ou que o doe a alguma universidade federal. Assim, mesmo morto, terei alguma utilidade, seja como alimento ou objeto de estudo.
"Não quer entrar e tomar uma xícara de café?"
Essa visita guiada foi feita duas vezes: na primeira vez que estive em Buenos Aires, em janeiro de 2012, e na sexta vez, em fevereiro de 2013. Os passeios com guia são diários e gratuitos, é só você checar a que horas ocorrem. Aproveite e visita a Igreja do Pilar, ao lado. Para o museu anexo à Igreja é preciso pagar R$5,00. Tive sorte de não pegar a mesma pessoa como guia, porque o que uma deixou de me falar, foi complementado pela outra, e vice-versa. O exemplo mais gritante foi o do caso da moça enterrada viva, relatado na abertura deste texto. A mulher que me guiou na visita no ano passado narrou o caso com uma emoção e uma riqueza de detalhes que deixou a todos tocados com o fato. Já a mulher que nos guiou agora, de cara já falou que a "história" de Rufina não passa de Estória, acabando, assim, com a comoção que tomava conta da minha vida há mais de um ano. Não sei se foi melhor ou pior ela ter falado que eu fiquei um ano acreditando numa lenda. Tem umas coisas que conseguem se manter vivas mesmo sem existirem.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Fera Radical

"Nunca releio o que escrevo. Prefiro viver em função do futuro."
Jorge Luiz Borges, escritor argentino.
A vida de turista é dura. É de matar um leão por dia.

Eu até hoje não sei de onde vem essa rixa que as pessoas tanto propagam que há entre argentinos e brasileiros. Alguns acham que é por causa do futebol, principalmente de jogos da Copa do Mundo em que as duas seleções se enfrentaram. Se for por isso, nós paramos no tempo quando propagamos a antipatia pelos argentinos. Eles adoram a gente. Por isso, quando eu estava lá, pensei: Quem sabe o mesmo não acontece em Portugal? Será que os portugueses também não têm uma grande admiração por nós e nós respondemos com piadinhas? Por falar em piadinhas, tenho uma ótima: Um cara trabalhava num zoológico tomando conta dos ursos. Mas depois ele resolveu largar essa profissão. Qual é o nome do filme?
Resposta: "O ex-ursista".
O que posso falar sobre a minha experiência de duas semanas na Argentina é que fui muito bem recebido por todos, principalmente, claro, por quem eu já conhecia, Carla Laurenti, amiga que fiz em Caxias do Sul. Também fiz amizades lá, conheci a francesa Isabelle nas aulas de dança aérea que fiz na escola da coreógrafa Brenda Angiel, e ela me convidou pra jantar uma deliciosa torta de atum na sua casa, com seu namorado Manuel (que não é português, é argentino). Quando for a sua primeira vez na Argentina, pode ir tranqüilo, os argentinos são bem amigáveis – exceto os taxistas; estes, sim, não valem o angu que comem. Famosos por espalharem notas falsas pela cidade, fui preparado e conferia cada nota que recebia de troco deles. Justamente no último táxi que peguei na cidade, não conferi o troco, pois já estava pegando confiança nessa raça ruim. Quando fui trocar os pesos argentinos por pesos uruguaios em Montevidéu, o atendente me devolveu a nota de $20,00 (vinte pesos) porque era falsa. Olhei bem, e tomei raiva de mim e do taxista. Mas achei melhor enxergar o lado bom, quer dizer, menos pior da coisa: pelo menos o prejuízo foi de R$10,00, não foi maior. A partir de agora, ao falar o preço de alguma coisa, falarei em pesos. Divida o valor pela metade para saber mais ou menos o quanto gastamos em reais. Na época dessa viagem, entre dezembro de 2011 e janeiro de 2012, R$1,00 valia praticamente $2,00.
Na Argentina, acredite em QUASE todo mundo.
Da esquerda para a direita: Argentina, França, Brasil.

Como ia dizendo, quase todos os argentinos são muito gentis, assim como os animais do zoológico da cidade de Luján, a duas horas de ônibus de Buenos Aires. A entrada para turistas internacionais custa $100,00 (pesos argentinos), e a forma mais fácil de ir é de ônibus que sai da Plaza Italia a cada meia hora. A passagem custa $20,00 ida e volta e dá pra pagar em notas porque você compra no guichê da empresa Atlântida. Recomendo já comprar a volta de uma vez, do contrário você precisará ter $10,00 em moedas. Lembra do que eu disse na postagem do mês passado? Só é possível pagar a passagem dos ônibus de BUA depositando moedas na máquina coletora que fica atrás do motorista.
"Emagreça agora! Pergunte-me como!"
Muitas pessoas pensam que a razão de as feras do zoológico de Luján se permitirem tocar é que foram dopadas com arrobas e arrobas de Dramin. Um funcionário me explicou que desde que nascem eles são criados com cães, que os domesticam. Quando brincam de dar mordidinhas, por exemplo, a força de um leão é maior que a força de um cachorro. Então, quando um filhote de leão machuca um cachorro, este revida de uma forma que o ensina a não morder com essa força toda. E, como, desde o início, o cachorro é a referência de líder que eles têm, sempre obedecem.
Zoológico de Buenos Aires. Mais um pouco no video abaixo, de um gnu brincando com um pneu.

A cidade de BUA também tem um zoológico, dedicado não só aos animais, mas também à arte. Os monumentos e prédios do zoo chamam a atenção tanto quanto os bichos. $34,00 é o preço da entrada. Até urso polar tem. O bom é que não é só ver os animais e pronto. Tem passeio de barco, show de lobos marinhos, até opção de visita guiada noturna. Ao lado, por $8,00, você visita o Jardim Japonês. Do outro lado, o Jardim Botânico, gratuito. Em um dia, dá pra visitar esses três lugares, mais um ou outro museu que estiver ali perto.
Carmen e eu "causamos" no zoológico de Luján.
Praticamente toda a população argentina é admiradora (alguns até devotos) de Evita Perón. Mas, sinceramente, um item do Museu Evita me fez questionar o quanto existe de obras feitas por Evita e o quanto existe de lavagem cerebral. A foto abaixo foi tirada de um livro infantil usado nas escolas públicas.
"Ela foi toda amor e sacrifício para seu povo"
Como lido na postagem anterior, disse que saí de BUA de barco para Montevidéu. Ainda bem que reservei apenas um dia para visitar o Uruguai. Fiquei decepcionado com a capital. Quis visitar o Museu Egípcio e o Museu do Futebol, mas ambos estavam fechados. Só me restou o zoológico (sim, mais um), baratíssimo (menos de R$2,00), mas meio mal cuidado e sem graça. Um real vale aproximadamente nove pesos uruguaios. Mas, assim como na Argentina, não vá pensando que a desvalorização da moeda deles fará com que você compre tudo que vê na reta por uma pechincha. A inflação também é altíssima. Comprei um café por 39 pesos uruguaios, ou seja, uns R$5,00. Levei um susto quando saquei dinheiro no banco e o caixa cuspiu uma nota de 500. Há quanto tempo a gente não vê essas notas de valor alto no Brasil, que já chegou a ter até nota de 1.000.000...
Pra acabar, zoológico de Montevidéu
A narração dos meus dez dias em BUA termina aqui. Mesmo depois de tantos dias lá, gostaria de voltar, porque, nos últimos dias, já não me sentia tão turista. E eu penso que o ato de releitura, seja de um livro, uma cidade, ou uma novela, é uma oportunidade de perceber coisas que não percebemos num primeiro momento. O tempo nos deixa mais maduro, e, como consequência, muda nossa percepção. Uma segunda visita jamais é como a primeira. Discordo totalmente de Jorge Luiz Borges.