sábado, 1 de julho de 2023

Chega Mais

 "Welcome to Hel!"

trocadilho meu com a palavra hell, "inferno" em inglês e o código de três letras do aeroporto da capital finlandesa Helsinki - HEL. Mas, por mais que eu tivesse tentado fazer piadinha com esse nome ao decorrer do texto, não consegui, porque a cidade é um verdadeiro paraíso. E eu ainda descobri que já sabia falar finlandês, quando vi estas placas:

 

A primeira impressão ao chegar a Helsinki/Helsinque era de uma cidade gay. Isso foi se revelando aos poucos, por algumas bandeiras nas fachadas de alguns prédios; depois pela decoração na recepção do hotel...:

 

Só depois, ao sair pela cidade, descobri que haveria parada gay no dia seguinte. Fui e fiquei um tempinho na concentração na praça, assistindo às pessoas saírem para o desfile. A julgar pelos decibeis, o evento estava mais pra procissão do que pra parada gay porque achei bem silencioso, sem aquele clima carnavalesco que normalmente tem a Avenida Paulista. Mas foi bom ter conseguido fotos da Praça do Senado numa ocasião especial, porque pude registrá-la com um visual diferente. A cidade é meio sem cor, sem grafites e as paredes quase todas pintadas em tons neutros ou pastéis. A parada não agitou muito, mas pôs um pouco mais de cor e vida pelas ruas. Uma curiosidade: a catedral que aparece nas fotos e que está na Praça do Senado não tem a frente para a escadaria. Ao contrário do que parece, essa é uma de suas laterais. Percebi depois que entrei e vi que o altar principal estava à minha direita.

Praça do Senado e Catedral na Parada Gay.

No outro dia.

Para comer, o lugar que mais gostei foi o mercado antigo, na região portuária, talvez a mais legal da cidade, pois seus arredores tinham tudo o que eu gosto de ver numa cidade – praças, feiras, catedral, lojas, piscina pública, mirante, pessoas passando pra lá e pra cá.


Roda gigante, piscina Allas Sea Pool e navio de cruzeiros.

Eu cheguei a Helsinki sem tempo hábil de pesquisar previamente o que fazer ali (até por isso me surpreendi com a parada gay), então segui a sugestão da recepcionista do hotel, de visitar a Ilha de Suomenlinna, um dos lugares mais visitados da Finlândia e declarado patrimônio mundial pela Unesco. A ilha tem uma fortaleza, muito utilizada nas diversas guerras pelas quais o país passou. Lá há museus e catedrais, onde as pessoas gostam de casar – no dia que eu fui, vi dois ou três casais, seja posando pra fotos ou se casando, de fato. Andar por ela é super fácil porque os caminhos são muitíssimo bem sinalizados, diferenciando as trilhas com placas coloridas e em inglês. Nem precisava de mapa. A sensação de primeiro mundo estava mesmo na hora de pegar a balsa, porque nin-guém conferiu meu bilhete. "Qualquer um consegue entrar sem pagar", foi a primeira coisa que veio à minha cabeça de brasileiro trambiqueiro, mas é porque carrego a malandragem no DNA, é um pensamento praticamente impossível de se evitar, mas paguei tudo direitinho. Creio que os finlandesess nem cogitam que alguém teria motivo de trapacear.

  

Casais dançam West Coast Swing no Parque Teurastamo.

Entre outras coisas a se fazer por Helsinki, passeei no Parque Teurastamo pra fazer aula grátis de West Coast Swing e saí uma noite para dançar tango. Durante o dia, ficava observando o mar, as pessoas na piscina pública e na roda gigante, lá na região do porto; as pombas que faziam cocô na cara de todas as pessoas importantes representadas nos monumentos do Parque Esplanada; e os pássaros que roubavam a comida de todos que almoçavam na feira a céu aberto. Não achei Helsinki uma cidade muito excitante. Imagine que até a Parada Gay era uma coisa morna. Muito bonita, sim, mas saí com a sensação de que lhe falta algo. Mesmo assim, foi bom ter estado lá também.

  

Será que o hospital infantil também estava em clima de parada gay?

Preços de julho de 2019, quando um euro era quase cinco reais:

Pão Mamas Limpa (um dos melhores que já comi), fatia de salmão defumado e salada de macarrão – 25EUR, no mercado antigo.

Prato de peixe e legumes na feira do porto – 10EUR. Mas, no fim do dia, perto do horário de fechar, esse mesmo prato custa 8EUR. Cuidado com os pássaros.

Entrada de adulto para usar a piscina e sauna – 14EUR. Não fui.

Balsa para Ilha de Suomenlinna – 5EUR – 15 min. Passar duas horas lá é suficiente.

Transporte: 4EUR uma passagem ou 8EUR o passe diário. Aconteceu comigo uma situação chata, que eu entrei no ônibus e pedi pelo passe diário (daily pass). A mulher fez um X com os braços e eu repeti. Ela me deu o bilhete, mas cobrou só 2,8EUR. Fiquei sem entender direito, mas não falei nada. Ao fim da passagem tentei falar com ela de novo e, com a cara bem rabugenta me disse: “No English!”, ou seja, ela não falava inglês. Aí é que eu entendi o X com os braços que ela fez na primeira vez que falei com ela. Só que ela devia ter me dito isso antes, porque a comunicação ficou truncada e acabei desperdiçando um bom dinheiro, já que eu queria o passe diário, pra andar mais vezes de ônibus.

Milonga (baile de tango) – 8EUR. De novo, sensação de estar em primeiro mundo. Havia coisas de comer e beber lá, mas não havia ninguém pra cobrar. A gente escolhia o que queria e colocava o dinheiro numa caixinha.

Há uma praia de naturismo, mas só alguns dias da semana é reservada para tal.

Navio Viking Line de Helsinki a Estocolmo – 113EUR – 15 horas de viagem. Detalhe: ninguém pediu pra ver meu passaporte, nem na saída da Finlândia, nem na chegada na Suécia.

Vista que se tem quando se deixa Helsinki de navio.