terça-feira, 30 de setembro de 2014

Abnegação

Nos últimos meses, minha vontade de escrever sobre minhas viagens não é mais a mesma de quando criei este blog, há três anos e meio. Então, prefiro ficar um tempo sem escrever, do que continuar publicando mensalmente, mas com pouca vontade. Quando o tesão voltar, eu volto a escrever também. Tomei essa decisão depois de ler o texto abaixo, uma tradução de Manuel Domingos do poema "So you want to be a writer", de Charles Bukowski.

"ENTÃO, QUERES SER ESCRITOR?

se não sai de ti a explodir
apesar de tudo,
não o faças.
a menos que saia sem perguntar do teu
coração da tua cabeça da tua boca
das tuas entranhas,
não o faças.
se tens que estar horas sentado
a olhar para um ecrã de computador
ou curvado sobre a tua
máquina de escrever
procurando as palavras,
não o faças.
se o fazes por dinheiro ou
fama,
não o faças.
se o fazes para teres
mulheres na tua cama,
não o faças.
se tens que te sentar e
reescrever uma e outra vez,
não o faças.
se dá trabalho só pensar em fazê-lo,
não o faças.
se tentas escrever como outros escreveram,
não o faças.

se tens que esperar para que saia de ti
a gritar,
então espera pacientemente.
se nunca sair de ti a gritar,
faz outra coisa.

se tens que o ler primeiro à tua mulher
ou namorada ou namorado
ou pais ou a quem quer que seja,
não estás preparado.

não sejas como muitos escritores,
não sejas como milhares de
pessoas que se consideram escritores,
não sejas chato nem aborrecido e
pedante, não te consumas com auto-
-devoção.
as bibliotecas de todo o mundo têm
bocejado até
adormecer
com os da tua espécie.
não sejas mais um.
não o faças.
a menos que saia da
tua alma como um míssil,
a menos que o estar parado
te leve à loucura ou
ao suicídio ou homicídio,
não o faças.
a menos que o sol dentro de ti
te queime as tripas,
não o faças.

quando chegar mesmo a altura,
e se foste escolhido,
vai acontecer
por si só e continuará a acontecer
até que tu morras ou morra em ti.
  
não há outra alternativa.

e nunca houve."

domingo, 31 de agosto de 2014

O Mapa da Mina

"As mina pira no papai".
trecho de "As mina pira", de Cácio e Marcos.


Entrada da Mina da Passagem - Mariana - MG

Minas Gerais foi o grande foco da corrida do ouro no Brasil. As cidades de Ouro Preto e Mariana ainda guardam resquícios dessa época. Eu mesmo me lembro de quando eu era criança e via as pessoas garimpando nos rios. Desde pessoas com uma bacia apenas, até grandes máquinas e o mercúrio escorrendo rio abaixo. Se você também quiser saber onde todo esse ouro foi parar, visite as igrejas barrocas de Minas e veja quanto desse metal está impresso nas paredes, ou dê uma de tatu e entre buraco adentro nas várias minas abertas à visitação em Mariana e em Ouro Preto.

Na Mina da Passagem a gente se diverte por dentro e por fora.
A Mina de Chico Rei é perto da Igreja Nossa Senhora da Conceição, em Ouro Preto, e sua entrada custa R$10,00. Se quiser que um guia te acompanhe, pague mais R$10,00. Resolvi economizar, como sempre, e fui sem guia mesmo, e acabei encontrando uma menina de Caxias do Sul lá dentro – como são boas essas coincidências. O passeio é rapidíssimo porque os túneis não são profundos e nem são altos como as da Mina de Passagem, então logo a gente se cansa de ter de andar se abaixando como um corcunda. Anexo está um minimuseu, com ferros de passar e outros objetos cotidianos antigos expostos. Chico Rei foi um chefe africano que comprou a sua liberdade e de sua família e se enriqueceu com a exploração do local. Não que eu soubesse disso antes, mas em todos os locais de Ouro Preto que tem alguma importância histórica você encontra placas cravadas nos prédios que te explicam brevemente, em inglês e português, um pouco da história de tal edificação.



Descendo de trolley pra mina de ouro.
A Mina de Passagem fica no distrito marianense de Passagem de Mariana e é a maior mina de ouro aberta a visitação do mundo. A descida para as galerias é por meio de um trolley, que chega a 315m de extensão e 120 de profundidade. A temperatura é estável, fica de 17º a 20ºC e tem um lago natural.



Dentro da Mina da Passagem.
A Gruta de Nossa Senhora da Lapa, em Antônio Pereira, ou simplesmente Pereira, pra quem mora lá, distrito de Ouro Preto, é algo legalzinho de ser ver também. Não é uma mina, assunto principal deste texto, mas é buraco na pedra do mesmo jeito. O interessante é que, pela localização, parece que Antônio Pereira está mais pra distrito de Mariana, porque é mais perto desta do que de Ouro Preto – 9 km de Mariana e 16 de Ouro Preto. O mesmo acontece com o Pico do Itacolomi, principal cartão postal de Ouro Preto. Não é possível observá-lo de Mariana, mas é na área geográfica de lá que ele está, e não na de Ouro Preto.

Contato com animais, tranqüilidade junto à natureza, tirolesa (pra não dizer que é tão tranqüilo assim) e uma deliciosa comida campeira no fogão a lenha, com churrasco gaúcho e sobremesa típica. Parece que eu mudei totalmente de assunto, mas nem tanto. Só desci uns 1.200 km no mapa e fui pra Gramado-RS, onde está o Parque Tomasini – uma mina e um museu com mais de 800 minerais expostos. Há também a loja, onde você vê as ametistas, esmeraldas, cristais, transformadas em jóias, esculturas, móveis. A Mina não é real como a de Mariana. Ela foi montada pra ser uma atração turística e dar um clima mais interessante ao museu. Está a 2 km da entrada de Gramado (de quem vem de Nova Petrópolis).


Um mineral típico de Mariana-MG exposto na Mina de Gramado-RS.
Como eu já disse em textos anteriores referentes à Serra Gaúcha, planejar um passeio a Gramado e Canela a partir das ofertas dos sites Laçador de Ofertas e La Iguana faz a sua viagem custar a metade do que custaria. Paguei só R$22,00 pelo almoço à vontade e a entrada na mina (só o preço normal da entrada desta é R$15,00). A Tirolesa custa R$20,00, mas, pelo site, paguei R$25,00 pra duas pessoas. São duas tirolesas, uma de 150m, e outra de 250m, não de altura, mas de comprimento. A entrada no Parque custa R$5,00, valor convertido em uma das seguintes atrações: passeio de jardineira ou pesca esportiva. Há um pedalinho também, mas é melhor pagar pra usar o do Lago Negro, na cidade de Gramado, que é bem maior e com uma vista mais bonita.

Turista é assim: descansa carregando pedra - Parque Tomasini.
Se esse tanto de pedra não te basta, visite o Museu Gramado, também R$15,00 de entrada e também com uma loja anexa.

Voltando a Ouro Preto, falarei também de três minas da cidade. A Mina Felipe dos Santos fica na Rua Treze de Maio, no bairro Alto da Cruz e a entrada custa R$25,00, mas Ana e eu só pagamos R$5,00, porque havia um grupo de estudantes de uma universidade e nós pegamos carona com eles. Depois de uma explicação geológica bem técnica que a professora deu aos alunos, e da qual não entendemos nada, veio o guia local e nos contou as lendas, histórias e hábitos antigos, etc. 



Com meus primos, brincando de mineradores no
Campus da Ufop.
Descendo pro bairro Padre Faria, a pé mesmo, fomos à Mina Velha, ingresso a R$20,00. Mas moradores de Mariana, Ouro Preto e região não pagam às segundas, terças e quartas. Nos outros dias, vale a meia entrada pra eles: R$10,00. Menos de dez minutos de caminhada depois, e no mesmo bairro, fomos à Mina do Jeje, que também tem visitação gratuita pros moradores da região em alguns dias da semana. Infelizmente, minha visita não foi num desses dias, mas a recepcionista perdoou nossa falta de informação e nos cobrou somente uma entrada, de R$15,00. Se entre uma mina e outra você vir uma placa da Mina Vila Rica, não pense que eu me esqueci dela. Ela não está mais aberta a visitação.

Finalizando, um vídeo do caminho do interior da Mina da Passagem até a superfície, de trolley, narrado em inglês (!) pela minha amiga de faculdade Karina Sarto, a quem eu estava tentando atropelar com um trator no início deste texto:

quinta-feira, 31 de julho de 2014

Assim como no mes passado, neste mes nao farei publicacao devido a uma viagem que estou fazendo pela Europa. Pro blog nao parecer abandonado, neste mes aproveito pra dizer que tambem farei publicacoes no site portugues PROXIMA VIAGEM. O primeiro texto foi sobre o cemiterio da Recoleta, em Buenos Aires. Eu ja tinha falado dele aqui, mas, ao reescrever para o site, acabei mudando muita coisa, logicamente.
http://proximaviagem.com/autor/atila-muniz/

sexta-feira, 9 de maio de 2014

Chiquititas

"Miniaturismo é a técnica de projetar e construir em escala reduzida os mais diversos objetos, veículos, máquinas etc., que podem ser feitos de grande diversidade de materiais, incluindo plásticos, metais, madeira e isopor. Seu uso pode ser profissional ou apenas como passatempo (hobby). Um bom exemplo são as maquetes."
Definição do Wikipedia.

Parque Lindendorf - Treze Tílias.
E uma boa maneira de reunir de forma mais rápida tantos lugares de uma só vez é vê-los do alto. Melhor seria fazendo um voo panorâmico de helicóptero, mas, como eu ainda não tenho bunda pra isso, pois esses passeios normalmente são caros e duram só quinze minutos, reproduzo aqui as fotos de vários museus de miniatura que visitei por Gramado (RS), Ouro Preto (MG) e Treze Tílias (SC).

Meu irmão, minha tia, minha prima e eu em Treze Tílias.
Treze Tílias está a 450 km de Florianópolis e a 380 de Curitiba. No Parque Lindendorf você encontrará a minicidade, trilha ecológica, lago com peixes, restaurante típico com pratos da gastronomia autríaca, delicioso apfelstrudel quente com sorvete, artesanatos, música típica, ao vivo ou não. Há também uma trilha de 450m onde você tem contato com capivaras, avestruzes, ovelhas. Acesse o site www.minicidade.com para saber mais. Assim como nas outras cidades aqui mencionadas, é por causa da atenção que os artesãos que a fizeram tiveram aos detalhes reais que todas essas minicidades são interessantes. Já a Treze Tílias de tamanho real reproduz a arquitetura dos Alpes do Tirol em quase todas as suas construções (Tirol é uma região histórica nos Alpes da Europa Central). Um exemplo é o prédio do Museu Municipal Ministro Andreas Thaler:
Também conhecido como Castelinho.
Em Gramado, o Mundo Encantado é um local com exposições de miniaturas que retratam desde a chegada dos imigrantes a Gramado até os dias atuais. Se não conhece Gramado, pela foto abaixo você pode ter noção de uma das principais partes da cidade. O ingresso adulto custa R$17,00.
Da esquerda para direita:
Palácio dos Festivais, Igreja Luterana e Prefeitura.
Um real mais caro custa a entrada do MiniMundo, outro parque de miniaturas, mas nem precisava eu dizer isso. Já tinha dado pra você deduzir pelo nome. O MiniMundo tem miniaturas de monumentos de Porto Alegre e de outras cidades do Brasil e também prédios do exterior, em escala 24 vezes menor que o original.
Réplica da Torre da Rapunzel - Parque Alemanha Encantada.
Pagando R$10,00, o Parque Alemanha Encantada tem a pretensão de fazer você se sentir numa antiga vilã alemã medieval, compartilhando o espaço com personagens das histórias dos irmãos Grimm. No restaurante, coma escutando os músicos de Bremen. Depois, suba a torre de 20 metros para se encontrar com Rapunzel. Na saída, compre alguma lembrança do parque na loja. Em meia hora dá pra fazer isso tudo. O preço não vale o passeio nessa minialemanha, a menos que você compre por um site de ofertas, como eu fiz. Paguei R$15,00 por duas pessoas.
A escalada valeu a pena.
Já em Ouro Preto, estão 30 réplicas perfeitas de monumentos arquitetônicos de 15 estados brasileiros, feitas com os mesmos materiais das edificações originais, com incrível fidelidade e riqueza de detalhes que encanta a todas as gerações. Prédios patrimoniais de Brasília-DF; Mariana, Ouro Preto, Juiz de Fora-MG; Viamão-RS, só pra citar alguns são incrivelmente reproduzidos em escala 1:25 no Museu das Reduções, em Amarantina (65 km de Belo Horizonte), distrito de Ouro Preto (a 100 km de Belo Horizonte). A entrada custa R$8,00 e não é permitido fotografar, por isso, não posso te mostrar imagens do encanto que são aquelas casinhas históricas – casinhas não numa forma pejorativa, mas carinhosa. Se quiser saber mais, visite www.museudasreducoes.com.br ou www.projetoreducao.com.br. Então, eu ilustro com uma foto da miniatura da Maria Fumaça, tirada em outro museu.
Museu da Praça da Estação, em Ouro Preto.
Ali perto, no km 68 da BR 356, Rodovia dos Inconfidentes, visite também a Sorveteria Arte e Manha com os sabores mais exóticos de sorvete que eu já vi: rosas com hibisco, abacaxi com gengibre e pimenta, arroz doce com canela, só pra citar algumas esquisitices deliciosas. Gastei quase R$20,00 querendo experimentar todos.


Bem, é assim. Se é por falta de grana ou de tempo, agora você não tem tanta desculpa pra conhecer melhor uma cidade e tirar uma bela foto panorâmica. Ou fazer um vídeo, como esse acima, de Treze Tílias.

quarta-feira, 30 de abril de 2014

Alta Estação

"O Natal não é um momento, nem uma estação, senão um estado da mente: valorizar a vida".
Autor desconhecido
Em Gramado, o Natal pode durar o ano todo.
Se você visitar Gramado em alta temporada, como Ana Paula e eu fizemos em janeiro, deixe a hospedagem reservada. Era o último final de semana do "Natal Luz" e nós só encontramos vaga no terceiro albergue pra onde ligamos, que nem era na cidade. Ficamos na Pousada do Viajante, em Canela, local filiado à rede de Albergues da Juventude. Pagamos R$80,00 por pessoa por um quarto de casal com banheiro e TV e café da manhã. Quando voltamos no feriadão da Sexta Feira da Paixão e Domingo de Páscoa, só estavam disponíveis as hospedagens mais caras e nenhum couchsurfing. Fizemos dois dias de batidão Caxias-Gramado, e gastamos quase uma hora a mais no trânsito tanto pra ir quanto pra voltar. Se for na Páscoa, desista de andar de carro nos horários de pico.



Mesmo se não for Natal Luz, a magia da época você sentirá nas duas horinhas que tirar e nos R$18,00 que desembolsar visitando a Aldeia do Papai Noel. Lá você vê renas, veados e cães São Bernardo, brinquedos antigos e atuais, estátuas diversas e tira fotos na neve de espuma, vestido de Papai Noel e com o próprio.

Começamos o fim de semana indo a pé do Centro até o zoológico, mas não acho que valha a pena. Não há calçamento em um trecho da estrada e não há coisas interessantes pra se ver. Pegue um ônibus circular que vai até perto do pórtico da estrada de quem vem de Porto Alegre e, de lá, siga a pé. Dê uma paradinha no Cristais de Gramado ali do lado e veja como eles transformam objetos cotidianos em verdadeiras obras de arte.
A começar pela fachada.
O Zoo Gramado abriga espécies da fauna brasileira, apenas. Então, não vá esperando encontrar leões e girafas. No entanto, tem pingüins. É porque, como os pingüins de Magalhães migram da Patagônia até o litoral sul e parte do sudeste do Brasil, podem ser considerados animais da fauna brasileira. Logo na entrada, araras de várias cores, tucanos e outros pássaros estão no mesmo ambiente que você, sem nada separando você dos bichos. Mas não é só por isso que você vai ficar pegando os coitados, né? No máximo, uma foto de perto, sem flash. É possível visitar o zoo em duas horas, contando com a parada pra descanso. Mas esteja em frente ao tanque dos pingüins às 11h30 ou às 15h30, pois é nesse horário que a funcionária os alimenta. São uma graça comendo os peixes numa golada só e pulando na água em seguida.
Meu recepcionista na entrada do zoo.
O ingresso custa R$38,00 e te dá direito a visitar o Parque Gaúcho, uma espécie de museu/exposição de objetos e réplicas que contam a tradição gaúcha. Coloque aí mais umas duas horas também, contando com o tempo gasto no restaurante. A gente quis economizar no rodízio de churrasco e comida campeira (R$42,00) e comemos comida que tínhamos levado na bolsa mesmo (ovo cozido, chocolate, frutas). Lá, tomamos apenas um Milk shake de butiá (R$12,00).
Te aprochega!
Mas é impossível estar num lugar lindo (e caro!) como Gramado e não experimentar a gastronomia. Fomos a um rodízio de fondue no Carlito’s (R$34,90 por pessoa), o mais barato que encontrei. Comemos por uma hora e meia, sem parar. Há rodízios que valem mais de cem reais por pessoa. Mas também dá pra pagar mais barato do que eu paguei. Existem dois sites de compra coletiva de Gramado e Canela que têm as mais diversas promoções gastronômicas, como café colonial, rodízio de sopa, churrasco... São o La Iguana e o Laçador de Oferta. Faça seu cadastro e aproveite os melhores restaurantes da cidade com economia, que pode chegar até mais da metade do preço. No dia seguinte, mesmo pagando mais caro um pouquinho, quisemos conhecer outro rodízio de fondue e cada um pagou R$45,00 no Trattoria Del Corso. Mais caro que o outro, mas valeu a pena, foi mais saboroso. E esse preço é porque eu conheço o gerente. Você pagará R$56,00.
Ecoparque Sperry.
Se for verão e você gostar de um ecoturismo, Gramado também tem opção, a 8 km do centro da cidade, o Ecoparque Sperry. O local é banhado por três arroios, que formam cascatas e cachoeiras onde você pode se banhar. O acesso é por trilhas, e, no percurso, você pode admirar a paisagem por diversos mirantes. Funciona de terça a domingo e a entrada custa R$12,00. Se quiser almoçar no restaurante local, pague R$38,00 pelo buffet livre (eles não aceitam cartão de crédito). Uma das trilhas te levará a uma obra de arte interessantíssima: pinturas rupestres, só que contemporâneas. A idéia é que, daqui a muitos anos, nossos descendentes reconheçam o mundo desta época:
Obra "Azular", da artista Kira Luá.
Se você já conhece algum Museu de Cera, se decepcionará com o de Gramado. Somente o olhar das estátuas é real. A maioria tem a aparência de boneco de plástico, salvo pouquíssimas exceções, como a Rainha Elizabeth. Alguns são até irreconhecíveis, de tão mal feitos. Só percebi quem eram Jodie Foster e Mel Gibson depois de ver o nome escrito. Em menos de uma hora se vê todo o museu, e com calma. No andar de baixo, tire meia hora pra ver o Harley Davidson Motor Show, um bar com várias motocicletas antigas em exposição. Até o banheiro entra no clima. R$60,00 é o que pagará pra visitar os dois lugares. Se for só ao bar das motos, é R$25,00.
Ana Paula fazendo a Monica Lewinsky no Museu de Cera.
Em direção ao centro de Gramado, a poucos metros dali, pare no Super Carros, um “museu” só de carros modernos – Ferraris, Lamborghinis. Você pode até pilotá-los, se desembolsar entre R$380,00 a R$990,00, dependendo do modelo pilotado e do tempo total, que não passarão de poucos minutos, já que a distância mais longa é de 15,5km, em área pública. Ou seja, você nem sequer sentirá a potência máxima do carro. Mas eu entendo que, pra quem gosta mesmo de quatro rodas, o investimento deve valer a pena. Ainda bem que eu não penso assim. Tire uma hora pra visitar esse local também. Pague R$30,00 de entrada, mais R$10,00 se quiser curtir o cinema 9D, de 14 minutos.
Ainda no Museu de Cera.
Caminhando um pouco mais e pagando mais trintão, chegará ao Museu do Automóvel, agora, sim, com carros antigos, motos também. Que passeio caro, você deve ter pensado, e que durou pouco tempo. Há uma promoção que vale a pena, é o combo dos quatro museus por R$80,00. Compre no local, ou pela internet (digite no Google). Talvez você esteja achando pouco o tempo gasto em cada um desses locais, mas não é, não. Ana Paula e eu víamos tudo com muita calma. Os grupos de turistas passavam por nós rapidamente, éramos verdadeiros retardatários. A gente não acreditava como o povo conseguia ver tudo tão rápido.
Harley Motor Show.
Vivi mais intensamente a cidade e senti mais a sua atmosfera durante os quase três meses em que trabalhei lá, como bailarino no musical "A Fantástica Fábrica de Natal". No dia seguinte ao nosso último espetáculo, queríamos assistir também à última apresentação do "Nativitaten", outro show da programação do Natal Luz. E conseguimos, de graça! Estávamos na entrada do local quando um rapaz nos abordou e disse "Vi que vocês estavam com vontade de ver. Eu não poderei mais. Tenho aqui dois ingressos. Querem?".
Eu de soldado, Ana e Bernardo de duende.

domingo, 23 de março de 2014

Sampa

“Somente através da arte nós conseguimos sair de nós mesmos e conhecer a visão do outro sobre o universo.” – Marcel Proust, escritor francês.
Quando eu cheguei por aqui, eu nada entendi.

Quantas vezes já fui a São Paulo e ainda assim posso dizer que não conheço a cidade. Tentei contar nos dedos agora e está totalizando quinze vezes. Mas sempre foram viagens muito pontuais. Já teve vez de chegar de manhã e ir embora no fim da tarde. Ou ficar na cidade três dias, mas sempre enfurnado num determinado lugar, fazendo treinamento, ou participando de congresso, e aí não dava tempo de conhecer nada. E, mesmo depois de tantas vezes lá, São Paulo ainda me dava medo. Tinha a sensação de estar perdido, mesmo quando sabia aonde ia. É muita gente andando pra lá e pra cá e depois de todas essas idas e vindas, vários cenários pra mim ainda eram desconhecidos. Era como se eu nunca tivesse iiiiiido realmente lá, como se a cidade fosse só um ponto de passagem, um lugar por onde eu nem paro e já volto pra casa rápido, com uma recordação, com uma medalha, com uma camiseta. Estar lá é como se eu tivesse de estar em estado de alerta o tempo todo, talvez porque só as notícias policiais mais sanguinolentas chegam até nós...
... do povo oprimido nas filas, nas vilas, favelas.
É aquele nervosismo que a gente tem segundos antes de entrar no palco, só que essa sensação é constante, como se a qualquer hora eu pudesse ser assaltado. Passa de vez em quando, como se eu já estivesse no palco, mas depois volta. Por isso tudo, em julho de 2013 eu resolvi que precisava conhecê-la mais, então fiquei dez dias lá. Foste um difícil começo. Mas não gastei com hospedagem, lógico. Ronaldo, do Couchsurfing, se ofereceu pra me hospedar. Não fiquei mais só na imaginação de como seria Sampa e aprendi depressar a chamá-la de realidade.
Com Hícaro no Parque do Ibirapuera.
Pela manhã, meu tempo estava ocupado visitando alguma Companhia de Dança, fazendo aulas, assistindo aos ensaios, conhecendo outros bailarinos e profissionais da dança. Tarde e noite eram reservadas aos passeios. A cidade tem arte por todos os lados e também parece ser um ímã de pessoas interessadas em viver desta. Hícaro foi meu colega de trabalho em Belo Horizonte e hoje está em Sampa trabalhando em musicais. Fizemos um passeio numa tarde ao Parque do Ibirapuera. Visitamos o Museu Afro Brasil, que fechou antes que víssemos tudo.
Ainda não havia para mim Rita Lee, só Daniela Calabresa.
Também aproveitei para fazer turismo. No Festival do Japão, evento que acontece no mês de julho, experimentei todo tipo de comida que eu pude pagar e que pudesse caber dentro de mim e assisti a apresentações de dança e música, pagando apenas R$10,00 pelo acesso ao parque. Além das exposições e eventos típicos, a feira tinha barracas vendendo diversos tipos de comida e bebida japonesas, e até dvd’s com novelas inteiras, todas com trama japonesa.
O metrô foi meu principal meio de transporte - mais barato e mais rápido.
Numa outra tarde, meu programa foi andar pela Avenida Paulista. Tinha tanta coisa pra se ver, que não consegui pegar o MASP aberto. Vi apenas algumas exposições no Itaú Cultural. Entre um lugar e outro, uma bicicleta branca na calçada me deixou intrigado. Eu já tinha visto uma em Porto Alegre e, pesquisando sobre isso na internet, vi que, em algumas cidades da Europa, ela serve para sinalizar um local onde um ciclista se acidentou e morreu. Talvez estejam querendo lançar a mesma moda por aqui.
A fragilidade do ciclista em meio à agressividade do trânsito e
sua feia fumaça que sobe, apagando as estrelas.
A poucos minutos de caminhada dali, já em outra rua, está o Centro Cultural Vergueiro, com exposições bem interessantes também e espetáculos gratuitos, uma coisa bem comum naquela cidade. Não adianta. Mesmo nos programas turísticos, a escolha era sempre por alguma coisa relacionada à dança ou alguma outra arte. Todos os dias, se eu quisesse, poderia assistir a alguma peça de teatro ou dança sem pagar nada.  E eu quis. Não faltaram passeios à noite. Conheci não sei quantos teatros e não sei quantos bairros nessa minha caça aos teatros. Eu “perdia” tempo até nas estações do metrô, olhando as exposições dos corredores.
E via surgir teus poetas de campos, espaços.
Falando novamente das tantas outras vezes que fiz bate-volta a São Paulo, lembro dos treinamentos da Cia Theo & Mônica meses antes de eu embarcar no navio de cruzeiros. Era no bairro Mandaqui, onde também acontece uma feira de comida e artesanatos aos domingos. Eu e alguns ex-companheiros de bordo tomávamos café da manhã e almoçávamos lá porque havia pasteis fritos de todos os tipos de recheio e caldos de cana com vários tipos de acompanhamento. Os meus favoritos eram o pastel de berinjela e o pastel de Sonho de Valsa e o caldo de cana com cajá.
Capela Santa Cruz das Almas dos Enforcados, bairro Liberdade.
Uma outra ida vapt-vupt foi para me apresentar com a Companhia Navegante durante a Mostra Contemporânea de Arte Mineira, em 2008. Tanto os mineiros quanto os paulistas quanto os novos baianos puderam curtir numa boa. O evento foi organizado por atores de Minas, tipo ela:
Fala, bella Débora.
Lembro também dos dois campeonatos de kung-fu de que fui participar. Fiquei em segundo lugar num deles, e não foi "culpa da Rita". Eu era da equipe Shaolin do Norte da cidade de Ouro Preto. A gente sempre encontrava tempo pra ir ao bairro Liberdade e fazer compras pelas lojas e pela feira que acontece aos domingos. É como estar no Japão. Só que eu nunca estive lá, então não posso dizer que É como estar no Japão, melhor falar que DEVE SER como estar no Japão. O cenário é completo: escritos japoneses por todos os lados, há até jornais e revistas impressos no Brasil totalmente em japonês, sem a tua mais completa tradução; todo tipo de produtos importados, de eletrônicos a comestíveis enlatados; pessoas de olhos puxados que te atendem nos restaurantes, mas não falam uma palavra de português. Isso misturado ao nosso cenário "normal" – igrejas católicas, frases em português, pessoas de olhos arregalados.

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

A Mão de Deus

“Era uma vez um Aleijadinho
Não tinha dedo, não tinha mão
raiva e cinzel, lá isso tinha,
era uma vez um Aleijadinho,
era uma vez muitas igrejas
com muitos paraísos e muitos infernos,
era uma vez São João, Ouro Preto, Mariana,
Sabará, Congonhas
era uma vez cidades
e o Aleijadinho era uma vez.”
                                    Carlos Drumond de Andrade
Praça Reinaldo Alves de Brito vista da Casa dos Contos.
Embora a religiosidade seja tão latente na cidade de Ouro Preto (a 100 km de Belo Horizonte), já ouvi várias pessoas (entre turistas e moradores) dizendo que a cidade tem uma atmosfera pesada, repressora. Alguns dizem que foi por tanto sangue derramado por causa da corrida do ouro, da escravidão, da perseguição aos inconfidentes. Morei em Mariana, cidade vizinha, por 24 anos, visitava Ouro Preto com freqüência por motivos de trabalho e estudo e digo que “nunca tinti nada”. Dancei no grupo ouropretano Rés Cia de Dança e, com frequência, nós fazíamos performances interativas com a arquitetura da cidade. Um dos nossos espetáculos aconteceu na escadaria do prédio rosa, que aparece em destaque na foto acima.
Rés Cia de Dança, no espetáculo de rua "Caminhos e Vertentes".
Ouro Preto (OP) foi declarada pelo UNESCO patrimônio da humanidade em 1980 e é a primeira cidade brasileira a receber esse título. Do mirante do campus principal da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop), no Morro do Cruzeiro, você consegue visualizar de uma só vez todo o barroco da cidade, só que não é algo muito bonito, porque enxergam-se as casas novas no meio de tudo e a sensação que se tem é de uma poluição visual. Por um tempo, a cidade cresceu desorganizadamente, então, de determinados pontos, a visão não é puramente histórica. Gosto mais da vista a partir do mirante da Casa dos Contos. No século 19, toda moeda que circulava no país era feita lá.
Dizem que um dos inconfidentes morreu nesse prédio.
A Casa dos Contos é o único museu do Brasil que funciona todos os dias, entrada gratuita. Já foi prisão e casa de fundição de moedas. Contém exposições de moedas antigas do Brasil, objetos e documentos antigos.
Fachada do Museu da Inconfidência e árvore de natal.
O Museu da Inconfidência também possui um grande acervo de objetos religiosos e do cotidiano, que ajudam a contar a história da Inconfidência Mineira. Um painel computadorizado e interativo ajuda a fazer isso de forma lúdica. Os restos mortais de todos os inconfidentes estão lá.
Museu da Inconfidência (lateral).
Os horários de funcionamento, preço da entrada e outras informações sobre os museus citados ou não no meu texto você obtém no site http://www.museusouropreto.ufop.br/. Mas só de andar pela cidade, a gente já se sente num museu. Em 2005, foi inaugurado o Museu Aberto Cidade Viva – instalaram placas explicativas com texto em português e em inglês nas fachadas das residências e prédios que carregam importância histórica pra cidade, principalmente as igrejas.
Eu em apresentação no interior do Museu em 2008.
Em Ouro Preto, em todas as igrejas que visitei eu fui proibido de fotografá-las por dentro, exceto a Nossa Senhora do Carmo. Como entrei enquanto acontecia um casamento, isso não pode ser controlado. No adro da Igreja do Carmo, está o Museu do Oratório, com mais de 160 oratórios. Há taxa de visitação. Atrás disso tudo está o Museu da Inconfidência. Então, dá pra se gastar um dia todo nesse complexo, sem precisar subir e descer todas aquelas ladeiras.
As pinturas não eram de Aleijadinho. Essa é das mãos de Ataíde.
Depois de bater perna por todo aquele conjunto de ladeiras barrocas, sugiro almoçar no Acaso 85, R$27,00 sem balança, que vale a pena pelo seu interior, realmente de uma beleza impressionante, a começar pelo chão da recepção. Se você estiver com pouca grana e for época das aulas da universidade, pode ir a algum restaurante da UFOP (são dois em OP e um em Mariana) e pagar menos de R$5,00 pelo almoço no “bandeijão”.
Interior do restaurante Acaso 85.
Na Igreja Nossa Senhora da Conceição está localizado o Museu do Aleijadinho. Muitas das belezas que vemos na cidade são graças a esse ouropretano, que, dizem, perdeu vários dedos das mãos no fim da vida e trabalhava usando só o polegar e o indicador. Ele trabalhou muito a pedra-sabão e várias das suas obras podem ser vistas também em Congonhas, a 80 km de Belo Horizonte.
Igreja da Conceição e Ponte dos Suspiros.
Se você não tiver tempo de visitar todas as igrejas, dê prioridade para a Nossa Senhora do Pilar, a mais bonita na minha opinião, com várias obras feitas pelas mãos de gangrena e lepra de Aleijadinho também. Outros artistas também participaram da ornamentação desse e outros santuários de OP, mas Antônio Francisco Lisboa (seu nome de batismo) é o mais lembrado. Teoricamente, não pode ser fotografada, mas eu fui no horário da missa e bati uma foto discretamente, sem ser visto. Tsc Tsc, desobedecendo a lei, que pecado... Anexo, há um museu de arte sacra, aberto de terça a domingo. A Igreja do Pilar está entre as duas mais bonitas que já vi na vida. A outra foi em Pernambuco, e tem uma foto dela no texto do blog de junho de 2011.
A foto proibida.
Em Ouro Preto, Cachoeira do Campo e região o artesanato que você mais encontrará é o de pedra-sabão. Obras de todos os tamanhos, com preços variando de R$1,00 a milhares de reais, e que agradam a todos: esculturas românticas, abstratas, de times de futebol, de animais, e também objetos com alguma funcionalidade, como porta joias, porta retratos, jogos de damas e xadrez.
A peça da feira que mais me chamou a atenção (R$1.200,00).
Não fiz pole dance na cruz, mas, nas ruas de Ouro Preto, eu fiz.

sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Água Viva

“Batucando pela alma de quem fala que não vai sair porque é caseiro, mas na verdade é porque não tem dinheiro nem amigos.”
Autor desconhecido
Pôr-do-sol em Capão da Canoa-RS
Um dos lugares favoritos da maioria das pessoas pra se curtir umas férias é a praia. Eu também acho esse um ótimo programa, desde que fora do Rio Grande do Sul. Se você já conheceu as praias daqui mas também viu as de qualquer cidade litorânea brasileira de Santa Catarina pra cima, tenho certeza de que concordará comigo que praia gaúcha é uma catástrofe. A única que salva, mas também não chega a ser uma maraviiiilha, é Torres, que só está no estado por um triz – a cidade fica bem na divisa com Santa Catarina. Se quiser saber mais sobre ela, procure-a nos marcadores do lado direito da página. Além de as águas  gaúchas serem muito frias (o que não é exatamente um problema nos meses de janeiro e fevereiro), o tempo é muito imprevisível e o mar é cheio de areia. Tudo bem, daria até pra engolir isso se o litoral fosse pelo menos bonito. Mas não é. No entanto, se você quiser, mesmo assim, descansar nisso que aqui chamam de praia, uma ótima saída são os parques aquáticos.

Só mesmo pra não dizer que não entrei na água.
Conheci o Marina Park em dezembro graças ao Groupon, que estava com uma oferta de desconto nos ingressos. Um dia é o bastante pra aproveitar tudo o que o parque tem a oferecer, e com calma, desde que você chegue antes do meio-dia, claro. O Marina parece ser mais voltado pro público família. Todas as piscinas são rasas e a temática da maioria das piscinas é infantil. Mas há dois brinquedos bem radicais que não tem como qualquer adulto sair com a respiração normal. Um é Boca da Serpente, um toboágua com pouca inclinação, cuja altura corresponde a um prédio de sete andares. A sensação é quase a de uma queda livre. Ao avistar todo o parque lá do alto, parece que você vai cometer suicídio. E, na hora de descer, jamais abra os braços, ou pode sair com uma queimadura bem chata, como aconteceu com minha amiga Ana Paula.

Ana e eu no Marina Park, em Capão da Canoa.

O outro que dá um medão é o Dragon Free, mas nem é por causa do bicho, que assusta menos que o filho de Chucky. Imagine escorregar em praticamente 90 graus de inclinação numa boia, sentado com outra pessoa. A impressão ao descer é de que a gente dará com a cara no chão. Fui quatro vezes, pensando que ia me acostumar, mas não importava quantas vezes eu ia. O medo era igual ao da primeira vez.

Quase enfartando nesse aí.
Não é permitido entrar com alimentos nem bebidas, mas dá pra entrar, é só ser discreto com a bolsa e na hora de comer. Mesmo assim, a lanchonete tem muitas opções de pasteis deliciosos e grandes, a R$10,00. No fim da tarde, é bom relaxar nas piscinas térmicas do parque, que também possuem toboágua e bar.
Não tivemos medo de desobedecer às regras.

Vale a pena pagar R$70,00 no ingresso (adulto). Se encontrar uma oferta de site de compra coletiva, como eu, melhor ainda. Mesmo assim, dá pra economizar comprando pelo site do parque (www.marinapark-rs.com.br). Lá, o ingresso adulto acaba saindo por R$50,00.

Seduzindo com a santa da capelinha do parque.
Depois desse dia bem cansativo, mas produtivo, Ana e eu voltamos pro hotel onde nos hospedamos, no centro de Capão da Canoa, a 120km de Porto Alegre. De táxi do parque até lá, a corrida deu R$30,00. O Hotel Magia do Mar foi o que ofereceu hospedagem mais barata e ele abria um pouco antes da alta temporada. Preço em conta, local bonito, limpo e com ótima estrutura. No litoral gaúcho, vários hotéis não ficam abertos o ano todo porque a praia só é tolerável no verão mesmo. Então, é comum andar pela cidade e ver hotéis com cara de abandonados.
 
Somos sexies, não somos vulgares.
Uma volta pela orla de Capão à noite só serviu pra jantarmos (outro pastelão frito, na verdade). É meio deserto e não tem muita coisa acontecendo. Talvez até melhorasse do fim do mês em diante. Pelo menos achamos uma loja bem curiosa pra fotografarmos:

No dia seguinte, visitamos outro parque aquático, com bilhete também comprado pelo Groupon. O Ácqua Lokos é bem maior que o Marina e mais barato – R$60,00 na bilheteria e R$42 pelo site. Mas nem por isso quer dizer que é o mais divertido. Isso depende de com quem você vai, como está a temperatura e o tempo no dia. Na minha opinião, o Ácqua combina mais com uma turma de amigos e o Marina, com família. O Ácqua tem opção de brinquedos não-aquáticos também, como a maior montanha russa de madeira da América Latina, tirolesa, passeio a cavalo, passeio de trenzinho pelo hotel fazenda. Para alguns desses brinquedos, é preciso pagar uma taxa à parte. Mas, se você tiver um dia só, o pacote incluso no seu ingresso já atende bastante. Opção de coisa pra fazer não faltará. E tem brinquedo que é tão legal que a gente quer repetir.
 
Com o pato Ronald, a vaca Malhada e o cavalo Pangaré.
No meio da tarde, na piscina de ondas (não se entusiasme, só tem onda no nome), acontece um show de lambaeróbica com os mascotes Ácqua Lokos. Quem dança melhor ganha um brinde. Claro que eu fui o premiado. O teatro dos bichinhos e a aula de dança é a única coisa que vale a pena na piscina de “ondas”. Não entendi o porquê desse nome. Água com dengue parece o Havaí perto dela.
 
Medalha de ouro na lambaeróbica.
O inverno gaúcho é tão rigoroso que não há a menor condição de esses parques abrirem no inverno, mesmo que eles tenham piscinas térmicas também. E é só no verão que eles abrem todos os dias. Em alguns meses, só abrem aos sábados e domingos. Acesse também o www.acqualokos.com.br. Dou uma dica que vale pros dois parques. Pra aproveitar mais o dia sem gastar tanto tempo em fila de brinquedo, vá antes da alta temporada (que começa na semana do Natal). Se não tiver como evitar, pelo menos evite o sábado e o domingo, se é que você também gosta de sossego, como eu.
 
Parque das Águas, em Farroupilha-RS.

Na Serra Gaúcha, em Farroupilha, há o Parque das Águas, uma versão mais light dos parques acima. Sem radicalismos nem tanta opção de diversão, mas muito bom também de se passar o dia. Por que eu fui? Porque o Groupon insistiu. A área térmica dele perde pros outros, porque só tem piscina, sem toboágua ou qualquer outra coisa divertida. O verão na serra é intenso, mas curto. O inverno prevalece. Como as belezas naturais não têm opção de área térmica, talvez seja melhor aproveitar o breve calorão pra um mergulho de cachoeira. Em Caxias do Sul, a Trilha dos Dinossauros é cortada pelo rio Carapiaí. Esse é um ótimo programa pra quem curte um pouco de aventura e natureza.