terça-feira, 31 de julho de 2012

Dance Dance Dance

"Acho que dança não tem sexo, e nunca tive de pedir desculpas por ser bailarino."
André Valadão

Será que eu passaria na audição da escola de balé do Bolshoi?
Quase 5.000 pessoas reunidas para celebrar uma festa à dança. Esse é o público de uma noite apenas, que é o que cabe no grande ginásio do Centreventos Cau Hansen, em Joinville, Santa Catarina, mais precisamente, 4.500 pessoas. Eu nunca tinha imaginado um teatro com capacidade para tantos. Eu já ficava impressionado com o Grande Teatro do Palácio das Artes, cuja capacidade é de quase 2.000 pessoas... Fiquei muito mais ao entrar numa plateia com mais que o dobro disso, e de novo muito mais impressionado ao vê-lo cheio. A energia vinda da plateia ajudava as coreografias a ficar ainda mais emocionantes e os bailarinos a dançar com mais energia. O Festival de Dança de Joinville está no Livro dos Recordes como o maior do mundo e sempre acontece em julho. Realmente não dá pra imaginar uma cidade vivendo e respirando dança mais do que lá. Em 2012, foi a 30ª edição, mas a minha primeira vez ali. Se fiquei tão extasiado só assistindo, como seria se tivesse me apresentado? Nem precisaria ser no Centreventos, com mais de 4.000 pessoas. Num shopping ou numa feira também serviria. É tanta coisa acontecendo, que eu duvido que você vá e consiga ver todas as coreografias, de todos os grupos, até porque o festival se estende às cidades vizinhas, e coloca palco aberto também em Jaraguá do Sul, Pomerode e Blumenau.
"Ela" eu tenho certeza de que passaria.
Tive sorte mais uma vez nas minhas viagens. Na semana em que estava em Curitiba, conheci a ótima e divertida Juliana Crestani, coordenadora da CHHAI (Casa do Hip Hop Arte Inclusiva), em Joinville, que me convidou para ficar hospedado em sua casa. Então, aproveitei cinco dias mal gastando com a comida, já que eu também tomava café da manhã na casa dela. Mas se você não tiver a mesma sorte que eu, quando for ao festival, já procure um hotel ou pousada com pelo menos um mês de antecedência, prazo que já será muito difícil encontrar algo. Eu presenciei amigos meus batalhando por hospedagem já em maio.
Árvore da sapatilha - um dos símbolos do Festival
Por conta da minha anfitriã, o estilo de dança com que mais convivi em Joinville foi o Hip-Hop, o que é ótimo, pois saí um pouco da minha zona de conforto, que é a dança contemporânea, e descobri que, dentro do Hip-Hop, existem outras dez milhões de subdivisões de linhas e estilos. Hip-Hop é muita coisa:
...é dança...
...é arte visual...
..´.é o próprio visual do sujeito.

Contato é tudo. Graças a Juliana, consegui assistir à Noite de Gala de graça e no camarote, usando um crachá que ela conseguiu pra mim. O que iria me custar R$94,00 para assistir a 15 grupos e companhias, não me custou nada. E ainda deu pra entrar no camarote do vice-prefeito, que ficava do lado do meu, e roubar uma dúzia de chocolates Bis. Oportunismos à parte, praticamente tudo o que eu vi no teatro do Centreventos mexeu comigo de alguma forma. Pra mim, não importa o estilo, mas a dança.
Vista parcial da plateia e arquibancada do Centreventos.

Todo esse meu entusiasmo só não é maior porque eu não consegui aproveitar tudo o que festival tinha a me oferecer: não fiz nenhuma aula, porque todas eram caras, e nem fui aos Seminários de Dança, pois tive de ir pra Florianópolis. Como eu disse, é coisa demais pra se fazer. Saí com a sensação de não ter aproveitado tudo, mas também de ter aproveitado bastante. Era humanamente impossível mesmo aproveitar TUDO. Nem se eu fosse dois. Ah! “Ritmos a dois”. Faltou falar da parte da programação destinada à Dança de Salão. Oficinas, apresentações e competições num outro teatro, o Harmonia Lyra:
A dança não é só competição.

A dança me ocupou as 24 horas. Não conheci nenhum ponto turístico da cidade e, realmente, não dá pra fazê-lo na época do festival, pois este já é um motivo de visita mais do que suficiente. O único “atrativo” turístico que conheci foi o relógio em que as pessoas podem ver quantos dias faltam para o Festival. É isso mesmo. Quiseram transformar um marcador sem graça de horário e temperatura em ponto turístico. Nem colocarei foto disso aqui. Mas isso não acontece só em Joinville. Várias cidades colocam no seu mapa turístico “Praça não sei das quantas”, “Cruz do não sei o quê”, “Memorial de não sei o que é que tem” pra que o turista ache que tem coisa pra fazer, mas, no fundo, é uma coisa pra lá de sem graça. Mas isso é só um detalhe, que não faz diferença em tudo de bom que a cidade de Joinville me ofereceu. E a próxima? Quer dançar/viajar comigo?
Juliana e eu na fachada do Centreventos