quarta-feira, 19 de maio de 2021

Pé de Vento

 "O tempo passa rápido depois que já passou".

Carla Matos

 

O que se fazer em Madrid quando se tem doze horas apenas? “Apenas”? Se estamos falando de uma conexão, 12 horas é um tempo bom, se for de dia. Se estiver viajando a passeio, até aconselho a escolher conexões longas, porque você acaba conhecendo uma cidade a mais. Só que também não é um tempo suficiente pra se dizer que co-nhe-ceu uma cidade. Na verdade, você teve uma noção, o que também é algo muito bom. Imagine só seu avião parar na Espanha e você não poder dar nem uma voltinha? Por isso que acho que conexões longas têm um lado muito positivo.

Depois do passeio guiado quase gratuito.

Se não conhece, recomendo, nem que seja um “pulo”, como eu fiz - 12 horas em terra espanhola, insuficiente pra me satisfazer, lógico, mas pra dar aquele sentimento de que realmente preciso voltar a Madrid. E quando se está em Madrid, sair do aeroporto até o Centro da cidade e voltar é tranquilo e descomplicado. Quando se tem um dia – manhã e tarde só, porque meu voo já era à noite – uma boa pedida é o famoso Free Walking Tour, em que você paga uma gorjeta ao fim do passeio, que dura em média três horas e te faz conhecer o principal das histórias, lendas, monumentos. A Free Walking Tours Madrid está(va) todos os dias na Plaza Callao, ao lado do metrô, para passeios em inglês ou em espanhol. Visite o site deles para mais informações: http://freewalkingtoursmadrid.com/en/

Se preferir passear por conta própria, recomendo algum parque, e são vários – aqueles grandes , autênticos pulmões verdes e com um Palácio de Cristal, como El Retiro, e outros pequenos, meio escondidos, como El Capricho. Se for na hora do por do sol, aí precisa ser no Templo de Debod, no Parque del Oeste. Em 12 horas, não tem jeito: tem de fazer é programa cliché de turista mesmo. Finalizei o dia vendo o por-do-sol famoso.

Um dos grandes parque de Madrid.

Na capital espanhola, história e gastronomia se fundem em restaurantes que estão há mais de cem anos preparando os pratos típicos da cidade. Durante o passeio guiado, passamos em frente ao Botín, o restaurante mais antigo em funcionamento ininterrupto. Embora sejam línguas parecidas, português e espanhol podem causar mal entendidos, como é o caso de uma placa de um restaurante que vi e que me assustou, pois, em português, “porras” não significa um tipo de doce. Tudo bem que há teorias que dizem que o sabor está relacionado ao tipo de alimentação do homem, mas... achei melhor ir comer num outro lugar. Por garantia.

A hora do lanche ficou pra mais tarde, num lugar que me oferecesse mais opções, como o recomendado Mercado de San Miguel. Te dou uma listinha básica para você não ficar confuso num restaurante como eu fiquei também:

Chato – copo pequeno e mais largo, para vinho.

Caña – cerveja de barril.

Tapa – pequena porção que se serve como acompanhamento de uma bebida.

Ración – porção culinária de quantidade mais abundante do que a tapa, normalmente pedida pra se dividir com várias pessoas.

Pulga – sanduíche pequeno.

À tarde, ao fim do passeio, fui ao pequeno grande mercado de San Miguel, que é excelente pra conhecer os principais pratos da culinária local. Mais seguro do que parar em algum restaurante e pensar besteira ao ver o anúncio do local.

 Em Madrid pegamos o ônibus 200, $1,50 a passagem (preços em euros aqui), troco máximo de $5,00, até uma estação do metrô. Lá compramos um bilhete que vale por dez viagens e que dá pra mais de uma pessoa usar. O diário só vale a pena se a pessoa fizer muitas viagens mesmo. Da Plaza Callao sai um Free Walking Tour, sempre às 11h. Também dá pra sair da Plaza del Sol, saindo às 10h e às 11h. Depois do tour, caminhamos pelo Parque do Retiro, e tentamos entrar num museu que, das 16h às 17h a entrada é gratuita, podendo permanecer até as 18h. Confira esses horários caso você vá em horário de verão. Cheguei atrasado e não consegui ver. Ali perto, fomos ao Mercado San Miguel, que é pequeno, mas muito bonito, organizado e uma aparência ótima. Por $5,00 tomei uma garrafa de sangria de 500 ml.

Piscina com ondas DENTRO do aeroporto de Munique.

Eu sempre associei a expressão "pé de vento" como algo feito muito rápido, às pressas. Quando fui dar o título é que descobri que significa algo desorganizado. Discordei e preferi seguir a minha interpretação mesmo. Pra se aproveitar o tempo em uma conexão, a última coisa que a pessoa pode ser é desorganizada. A gente precisa calcular o tempo muito bem e fazer programas bem cômodos mesmo, pra garantir que não perderá o avião e não terá prejuízo. Essa conexão de 12 em Madrid quando estava indo pra Israel me fez lembrar da minha conexão de oito horas em Munique, Alemanha, quando voltava pro Brasil em 2014. Como eu não tinha ideia pra onde ir, resolvi pegar dois daqueles ônibus turísticos de dois andares e ver o principal da cidade, bem turistão mesmo. Não me lembro de nada direito. Mesmo assim, acho que vale a pena.

Munique vista do ônibus turístico.

Munique vista do avião