sexta-feira, 1 de julho de 2011

Salvador da Pátria

"Na Bahia é todo mundo muito simpático. É um povo muito hospitalar." Zanata, baiano, ex-lateral do Fluminense.
Pôr-do-sol visto do Farol da Barra
Continuando minha historinha iniciada no mês passado, deixei Marden e Roberto em Feira de Santana, no dia 12 de janeiro, e fui pra Salvador. Só que o destino final da minha viagem pelo Nordeste foi também o destino inicial, sem querer. Uma baita confusão no aeroporto de Confins no dia 28 de dezembro do ano passado deixou todos os passageiros da webjegue aperreados (irritados, em linguajar nordestino), dispostos a pegar uma peixeira (um tipo de faca) e partir pra cima de todos os funcionários da empresa juntos. Primeiro, o tempo fechado foi o culpado de tudo. O voo para Recife que Roberto e eu pegaríamos, com conexão em Salvador, estava marcado para as 14h do dia 28 de dezembro, mas nesse horário, alguns voos originalmente para as 9h não tinham saído ainda! Um deles ia para o Rio de Janeiro, mas só foi sair depois das 16h, depois que alguns passageiros rodaram a baiana (sem querer fazer trocadilho) com a webjegue e conseguiram embarcar. Serviram de exemplo para nós quebrarmos o pau também, ainda mais depois que a empresa resolveu despachar para Salvador (sem querer fazer trocadilho com a terra da macumba) um voo marcado originalmente para depois do nosso. Meus amigos tripulantes resolveram que iriam invadir esse voo, e quase invadem um da Azul por engano (Ó você errado!), o que resultou na presença de funcionários da Infraero e das polícias militar e federal para acalmar uma divertida discussão, além de paramédicos para socorrer uma mulher cuja pressão foi às alturas (ao contrário do nosso avião).
"Ó você errado". Você vai escutar muito isso em Salvador
As pessoas que conseguiram invadir o tal avião para Salvador que sairia antes do nosso avisaram aos que estavam do lado de fora que ainda havia 24 poltronas vazias no avião, o que causou o maior tumulto. Tudo isso com sotaque mineiro misturado com o de baiano misturado com o de pernambucano, este último representado por um cara de Recife cover do Felipe Massa. Eu fiquei só filmando tudo, e disponibilizei o entreveiro (bagunça, em linguajar gaúcho) pra vocês no youtube. Há três partes. Este é o link da primeira, que dará a vocês acesso às duas outras: http://www.youtube.com/watch?v=FvFwD5Ft3r8. O lado bom disso tudo? A webjegue pagou pra nós uma meia-noite no Hotel Deville, cuja diária era por volta dos R$200,00, com um jantar chique e quarto individual . Digo meia-noite porque já chegamos ao hotel mais ou menos às 22h e saímos às 4h da madrugada pra embarcar pra Recife. Chegando ao aeroporto de Recife, Roberto e eu alegamos que tínhamos perdido o táxi que nos levaria até João Pessoa no dia seguinte. Claro que era história. Se essa confusão toda não tivesse acontecido, nós iríamos de ônibus até Jampa. Mas resolvemos tirar proveito da situação e ganhamos uma viagem de táxi de Recife a João Pessoa. Chegamos às 9h da manhã do dia 29. Ou seja, não perdemos nada, só lucramos com essa história toda, porque, pelo plano original, nós chegaríamos no dia 28 à noite. Não daria pra ir à praia mesmo. Webjegue, eu te amo!
Praia do Forte
Tá. A parte de Jampa até Feira de Santana vocês já leram no mês passado. Vamos começar a de Salvador então. Tempo fechado no primeiro dia, mas um passeio no Salvador Shopping, onde havia uma exposição de fotos de Insensato Coração, também foi bom. A 94km da capital, a praia de Imbassaí merece ser visitada e a Praia do Forte (a 75km de Salvador) é onde eu vi corais e o mais bonito pôr-do-sol de todos essa viagem. É nessa praia onde está uma das sedes do Projeto Tamar. Visite-a, mas chegue cedo, no máximo depois do almoço, caso contrário você perde a programação do dia. E a entrada é barata, só R$12,00. Se não quiser pagar nada, você poderá visitar a loja, apenas.
Isso é que é saber aproveitar material. Melhor que o sofá da Hebe.

Sede do Projeto Tamar tem atividades o dia todo.
Fazendo um bom papel de turista, não pude deixar de visitar os pontos turísticos clichê, como o Pelourinho e o elevador Lacerda. Dá pra passar um dia inteiro lá, até dois, pois há uma bela vista, vários museus, galerias, igrejas e casas de artesanato e o elevador (entrada R$0,15), que te leva à cidade baixa, onde está o mercado modelo. Na Praça da Cruz Caída a vista também é ótima e, vendo a mesma praça da cidade baixa, tem-se mesmo a impressão de que aquela cruz vai cair a qualquer hora.
Praça da Cruz Caída

Mesma praça vista da cidade baixa
Repetindo os conselhos da minha amiga Rita, digo a vocês que, quando estiverem no Pelourinho tomem cuidado com a câmera e a bolsa, pois frequentemente turistas são assaltados ali. Mas também vão se aproximar de vocês pessoas exóticas que só querem conversar ou pedir um dinheiro pra uma cachacinha. É só ter bastante discernimento, senão você vai ouvir “Ó você errado”.
Uma das lendas-vivas que encontramos no Pelourinho
A praia de Itapuã é belíssima, mas as pedras atrapalham um pouco o banho. Mas parece que algumas pessoas não estavam ali só para tomar banho:
Os coadjuvantes protagonizam a cena
Mesmo assim, passe “uma tarde Itapuã, ao sol que arde em Itapuã, ouvindo o mar de Itapuã”, na companhia de Vinícius de Moraes, autor desse sucesso. Se preferir água doce, vá ao Dique do Tororó, faça uma caminhada e ande de pedalinho, mas não tome banho, porque é meio poluído.
Praça Vinícius de Moraes
Então... faltava o quê em Salvador ainda? Ah, ser assaltado, logicamente, bônus típico de quem visita a cidade. Na segunda quinta-feira depois do Dia de Reis, é tradicional a lavagem das escadarias da Igreja do Senhor do Bonfim. A tal escadaria mesmo não tem nem uma dúzia de degraus, mas é uma festa muito bonita porque católicos e adeptos do candomblé caminham juntos por 8km até chegarem à escadaria, numa romaria em que se veem as pessoas mais dançando com o trio elétrico e bebendo cerveja do que rezando. É tradicional todos vestirem-se de branco. Em um certo trecho, o caminho ficou muito apertado. Senti apalparem meu bolso de trás, mas achei que era só alguém se aproveitando da situação pra tirar uma casquinha. Quando a mão tentou entrar no bolso onde estavam meus cartões de banco e uma nota de R$50,00 é que eu percebi que o buraco era mais embaixo (sem querer fazer trocadilho). Arranquei a mão de lá a tempo, mas não consegui ver quem estava tentando me roubar. A mesma sorte não teve Rafael, cujo celular foi roubado no mesmo instante. Mas cumprimos nosso objetivo de amarrar nossa fitinha na grade da igreja e tomar um saravá. Ainda bem que eu tinha esquecido a minha câmera digital na casa de Rita.
Igreja do Senhor do Bonfim
Também foi bom almoçar no Restaurante Yemanjá, onde todas as garçonetes eram negras. Para esse programa desembolse uma boa grana, ou consiga anfitriões legais que paguem pra você. Para finalizar meus cinco dias na terra soteropolitana, um pôr-do-sol do Farol da Barra (o primeiro farol das Américas, que serviu de locação para um dos episódios da primeira temporada de O Aprendiz). No Farol da Barra está o Museu Náutico da Bahia, com um grande acervo de achados arqueológicos subaquáticos.
Almoço descontraído com a família Amorim no Restaurante Yemanjá
Para a noite, um showzinho de samba e axé no Atlândida Hall com a banda Negracor (cujo vocalista é Adelmo Cazé, finalista da primeira edição do Fama) foi ótimo para já conhecermos os hits que tocariam no Carnaval. Também há casas onde tocam forró. Procure pela bailarina Rita Hamori, a maior forrozeira que Belo Horizonte e Salvador já conhececeram.
"Foge, foge, Mulher Maravilha. Foge, foge com o SUPERMAN"
Se queríamos algo mais leve,  ficávamos em casa comendo petit gateau do maitre Rafael, jogando adedanha com Ticiane (e empatar) e assistindo às emoções finais de Passione.
Na gastronomia baiana, experimente o que todo mundo já deve ter falado pra você experimentar: acarajé, tapioca, abará e bolinho de estudante. Se não sabe o que são, descubra comendo. Só adianto é que o acarajé é frito; o abará é praticamente a mesma coisa, só que cozido no vapor.
Acarajé no pratinho. Pode também ser servido com todos os ingredientes dentro do bolinho

Tapioca

Bolinho de estudante
E bom apetite!