sexta-feira, 8 de abril de 2022

O Céu é de Todos

"No céu, não há distinção entre leste e oeste. As pessoas criam distinções em suas próprias mentes e então acreditam que são verdadeiras."

Buda.

Passeando pelo Victoria Harbour, em Hong Kong...

...descobri que minha mão é maior que a mão de Jackie Chan.

Antepenúltima parada do navio de cruzeiros MSC Splendida: Hong Kong e foi ali que começou a bater uma certa depressão, por estar a apenas uma semana do fim dessa grande viagem de barco que eu fazia. Em abril de 2019, o dólar de Hong Kong variou muito pouco, ficando sempre em torno de R$0,50. Então, é fácil pensar nos preços que eu paguei quando estive lá: divida pela metade e você terá o correspondente em reais.

Uma pequena pausa pra esperar a chuva passar.

No meu dia um em Hong Kong, coincidiu de acontecer um tsunami uma forte tempestade enquanto eu passeava na beira do mar, por um calçadão onde está a versão deles da calçada da fama (Avenue of Stars). Mas um Starbucks com wifi me salvou. Depois de esperar uma hora mais ou menos, voltei a passear por esse “Caminho das Estrelas”, um passeio à beira mar que homenageia grandes astros do cinema nacional, mas que não é algo exatamente como eu esperava. Não podemos chamar de calçada da fama, porque as marcas que os famosos fazem é com as mãos, e as marcas dessas mãos estão no corrimão que serve como barreira de segurança entre a orla e o mar, então talvez ela passe desapercebida para muitos. Até mesmo a famosa estátua do Bruce Lee eu quase não vi porque eu andava admirando a água e os prédios do outro lado, e a estátua não fica em evidência, porque, ao caminhar por ali, a tendência é muito maior de olhar pra água e pra margem oposta. Ela fica ao lado do Starbucks e de que costas pra quem está passeando na orla. Peguei um barquinho pra atravessar pro outro lado da orla, até onde está o monumento da Golden Flower (Flor Dourada), que não tem nada demais. Não me lembro do valor da balsa, mas era bem baratinho.

Famosa estátua do Bruce Lee, na Avenue of Stars.


De lá, foi uma saga pra chegar até a famosa escadaria rolante, na Hollywood Street. Não sei o que houve, mas, em Hong Kong, tive muita dificuldade de me guiar pelo mapa turístico. Fiquei meio decepcionado ao chegar, porque esperava algo BEM maior. Ao chegar ao topo da escada, que não é uma escada única, mas várias escadas rolantes uma após a outra, há um prédio que me pareceu ser histórico, com um grande pátio no meio, onde havia uma exposição. Depois, fui andar meio sem rumo ali pelo centro. Hong Kong tem leis rígidas para manter a limpeza. Isso inclui multa de HK$1.500,00 (R$750,00) pra quem cuspir ou jogar lixo no chão. Mas também é fácil de se encontrar banheiros pelos locais onde você anda.

Arranha céu.

Se você usar o transporte público, informe-se sobre as opções de cartões de transporte, chamado de Octopus, que significa polvo em inglês. Existe um passe turístico de HK$65 pra adulto e HK$30 pra crianças, ou o passe normal, que você recarrega quanto quiser, sem se preocupar em perder dinheiro porque, quando não quiser usá-lo mais, pode ir ao caixa, devolver seu cartão que eles te devolvem os créditos em dinheiro. Precisa passar o cartão no leitor na entrada e na saída do metrô, porque o valor debitado é de acordo com a distância percorrida. E recomendo que sempre passe também na saída, do contrário seu cartão fica travado na sua próxima entrada e você terá de procurar um funcionário pra destravar e aí será descontada uma taxa extra por isso. De táxi, caso fique desconfiado, dentro dos veículos tem uma tabela de preços que explica o preço da bandeirada e o preço por quilômetro rodado. Dependendo da mala que você tiver, talvez o taxista te cobre por ela também.

Teleférico com piso transparente. Tem coragem?


O céu ora estava assim...
...ora assim.
 






O passeio de teleférico talvez seja o mais interessante de se fazer em Hong Kong. Fui de metrô até Tung Shung Station, onde tem um shopping, esperei uma hora na fila, que era o tempo previsto. Há uma placa lá, que diz o tempo previsto de espera. O teleférico percorre um caminho de quase 6km para a famosa estátua de bronze do Buda, e você tem uma ótima visão da cidade, do aeroporto e das montanhas e, se pagar um pouquinho a mais, tudo fica ainda mais incrível: a viagem de 25 minutos pode ser no bondinho com o piso de vidro, dando ainda mais pânico emoção ao trajeto. Quando passa sobre o rio é espantosamente maravilhoso. Mesmo quando estava nublado, adorei. Imagine como não deve ser deslumbrante com o céu claro. Pra mim, só esse passeio no vagão com piso de vidro já vale por si. Acho que experimentei as quatro estações do ano em Hong Kong no mesmo dia. Ao desembarcar do teleférico na vila do alto da montanha, é só andar um pouco, até a escadaria de uns 200 degraus até a base do Buda. Dizem que é o maior Buda do mundo a céu aberto. A escadaria te deixa tão perto, que dá pra se ver os detalhes dela. É tipo subir na estátua do Cristo Redentor: difícil conseguir tirar uma foto sem ter milhares de figurantes ao seu lado. Dá pra entrar na estátua por um valor extra, mas eu não quis.

Expectativa. 
Realidade.

 









Essa viagem de quase uma hora de teleférico (somando ida e volta) não é só pra ver uma estátua de um Buda. Ela apenas é a principal atração de uma pequena vila, onde tem também alguns templos, lojas de lembrancinhas (deixe pra comprar lá embaixo na cidade por um precinho um pouco melhor); restaurantes, que até estavam baratinhos (consumi uma Schwepps sabor gengibre); e tem a vista do próprio trajeto, que vale por si só. E tem de ser de dia. À noite o local fecha, então o fervo da noite fica sendo o show da Sinfonia das Luzes, que você assiste da mesma orla onde está a Calçada (de mãos) da Fama.

Interior de um dos templos. 

Outra opção, em vez de ver esse Budão (sem N no meio), é você visitar dez mil budinhas, no Ten Thousand Buddhas Monastery. Eu não consegui observar todos com cuidado, mas dizem que as estátuas não se repetem. Quem te recepciona nesse passeio gratuito é a macacada que fica ao redor da trilha. Uma delas ficou nervosa porque eu estava encarando muito. Vi uma placa dizendo que pode ser que você se esbarre com algum monge que te peça dinheiro. Neste caso, não dê. Ou, sim, porque o dinheiro é seu e você faz o que você quiser.

O templo está localizado em Sha Tin.

Dizem que cada buda tem uma expressão distinta.

Alguns estão precisando de restauração.

"Falsos monges em busca de almas.
Não lhes dêem dinheiro."