domingo, 12 de dezembro de 2021

Caminho das Índias

"As boas coisas vêm quando estamos distraídos."

Provérbio indiano.







Uma semana depois de ter saíde de Dubai e ter passado por Abu Dhabi, Ilhas Sir Bany e Mascate , sobre diferentes cores do Mar Arábico, o MSC Splendida se dirigia às Índias, com seus 333m de comprimento, 38m de largura e 67m de altura; sua capacidade para 4.363 hóspedes e 1.370 tripulantes (funcionários); 25 elevadores, 5 piscinas e seu plano de wifi que nem louco eu compraria:

Planos de R$500,00 a R$1.000,00. Escolha o seu.


Quando chegou a hora de descermos na Índia, não sei direito o que senti, porque, ao mesmo tempo que sinto pela Índia uma grande curiosidade, sinto também medo, porque eu tenho uma impressão de que tudo lá é feito com falta de higiene. Eu sei que essa frase ficou meio preconceituosa. O quinto porto do MSC Splendida foi Cochim, onde ficamos por dois dias e uma noite. Uma coisa eu decidi: não comer NADA fora do navio, porque são muitos os relatos que escuto de turistas que passam muito mal depois de comer qualquer coisa na Índia. Eu tomava um café reforçado no barco e levava na bolsa coisas práticas, como ovo cozido, maçã e banana. A única coisa que comprei pra consumir foram uma Seven Up por 35 rúpias indianas (IRN) e água de coco por 50IRN, numa data em que 70IRN eram iguais a um dólar em abril de 2019; e um dólar era quatro reais. Pois é... Em alguns países eu acho mais fácil fazer a conversão assim, passando por outra moeda até chegar no real, porque as moedas que o mundo inteiro conhece são dólar americano e euro. Pensando de outra forma, 1IRN estava igual a R$0,06, e assim ficou até o final do ano. Então meu refri custou R$2,00 e a água de côco... Ah, uns três reais e alguma coisa; foi menos de quatro, então tava num preço ótimo. Mesmo assim, fiquei com um pouco de mede de beber esse côco porque “e se aquele instrumento usado pra abrir o côco tivesse meio sujo?”. Ainda bem que não deu em nada. Graças às minhas atitudes preventivas, saí da Índia com o estômago intacto.

Comprei um desses, mas de madeira.

Uma coisa me fascinou em Cochim: o artesanato. Foi a parada onde mais gastei. Já pensando em reais, foi um elefante de madeira do tamanho de uma mão adulta fechada por R$50,00 (no começo, o vendedor disse que eu teria de levar dois, por R$260,00); uma calça por R$20,00 (o vendedor tinha me oferecido por R$40,00) e um carrinho de fricção réplica de um tuktuk, que levei por R$15,00, porque achei um desaforo pagar os R$40,00 que ele queria. Viu? Ao pechinchar na Índia, peça menos da metade do que te pedirem. O dinheiro troquei por lá mesmo, e a taxa foi a oficial, não fizeram trambique.

Os vendedores da Índia são menos chatos insistentes do que os vendedores dos países árabes. E era mais fácil de se barganhar com eles; eu consegui descer mais o preço e pagar muito menos do que o preço inicial oferecido. Spoiler de uma dica: na China, a mesma tática funciona: insista para descerem o preço até a metade do primeiro preço que te deram. Nas duas situações, falo dos vendedores de rua. Em Cochim, uma curiosidade que eu não vi em lugar nenhum: lojas hassle free, que significa que, nelas, você pode circular à vontade, que nenhum vendedor ficará atrás de você oferecendo nada. Hassle significa incômodo em inglês.

A bordo de um tuk tuk com meu motorista particular indiano.

Em toda chegada de porto em todos os países por onde o Splendida passou, sempre a mesma coisa: passar pelos procedimentos de imigração, que sempre variam – tem vez que precisa preencher papelada; tem vez que não. Em Cochim, uma coisa achei curiosa: não havia a opção de descer do navio apenas no segundo dia – ou se descia nos dois dias ou apenas no primeiro, porque as pessoas da imigração só trabalhariam no primeiro dia. Como sempre, assim que se pisa um pé em qualquer território, todo mundo já quer te empurrar alguma excursão. Até que lá eu não achei caro: US$30,00 de táxi por quatro horas ou US$15,00 no tuk tuk por quatro horas também com duas opções – ou a cidade nova ou o centro histórico. Escolhemos a cidade antiga e nosso motorista e guia foi o Ramanan. Ele falava pouquíssimo inglês, então foi parando nos lugares que acreditava que fôssemos gostar, como uma lavanderia (!), afinal, toda vez que visito um país diferente, faço questão de saber tudo sobre as lavanderias (ironia em itálico). Veja como é a da Índia:

Na verdade, estava brincando. Eu achei interessante a parada da lavanderia porque realmente eu nunca tinha visto que esse serviço pudesse ser prestado da maneira que vi. Achei divertido. No segundo dia do meu passeio com Ramanan, a rota era a cidade nova. Pedi para parar num shopping, pra ver como é lá. Não sei se ele não entendeu bem ou se shopping pra eles é o que aqui nós chamaríamos de galeriazinha – só tinha loja de celular. Só! Sem exagero. E todo o caminho que ele fazia nesse segundo dia foi meio decepcionante. Nada me atraía, não sentia de vontade de descer em lugar nenhum. Ramanan parou em lojas de artesanato, eu dava uma olhadinha e saía. Acabei não passeando as quatro horas. Voltei pro conforto do Splendida:

Piscina e jacuzzis cobertas.

Esse relato da viagem nas Índias foi pra mostrar que nem tudo atinge nossas expectativas. Tanto Cochim quanto as Ilhas Sir Bany foram paradas sem muita graça dessa viagem. O problema é que visto para Índia custou mais de R$300,00 e só vale por um ano. Então eu paguei uma fortuna (pelo menos eu considero que 300 contos são uma fortuna) pra não aproveitar direito.