"Quando você se abre pro desconhecido, você aumenta a fé no ser humano."
Frase do projeto Yuujou, adaptada por mim.
Grande Mesquita do Sultão Qabus, em Omã. |
Já fiz um texto sobre como é
viajar num cruzeiro e, pra quem viaja na primeira vez, é sempre muito comum se
assustar com tanta coisa que cabe lá dentro: teatro pra mais de mil pessoas;
cinema 4D; simulador de Fórmula 1; cassino; academia (academia boa, gente; não
estou falando de meia dúzia de esteira, não); biblioteca (essa, sim, normalmente
é meio fraca). Enfim, uma cidade flutuante. Eu mesmo, que, juntando todo o
tempo que já estive a bordo em navios, dá mais de quatro meses, não consigo
entender como que consegue caber água e comida pra mais de 5.000 pessoas e
ainda o esgoto dessa gente toda. Mesmo tendo mais de dez andares, ainda olho
praquilo e não consigo entender muito bem como aquela engrenagem turística
funciona de modo tão perfeito.
Pelos corredores externos da mesquita. |
O segundo navio de cruzeiro em
que viajei na vida tem algo de muito especial pra mim. No início de 2019, eu
tentei muito ganhar uma viagem de seis meses por metade do mundo participando
do processo seletivo do site Youjou. Passei apenas na primeira etapa, senti
aquela frustraçãozinha, mas, com poucos dias, eis que o destino me dá a oportunidade de
uma vida de fazer uma grande viagem de navio que começou em... Caia pra traz e
morra: Dubai (!). E terminou em... Ressuscite e morra de novo: Tóquio (!). 28
dias, com tudo pago. Alguns desses destinos pra onde o navio foi possuem um
texto exclusivo. No entanto, sobre alguns eu não tenho muito o que dizer, pois,
numa viagem de navio, acabamos ficando por poucas horas numa cidade. Em muitas
cidades, o MSC Splendida ficava por apenas um dia. Em Mascate (ou Mouscat), por exemplo,
capital do Omã, chegou às 7h da manhã e saiu às 16h. Talvez você até considere
que nove horas seja um tempo bom pra se conhecer uma cidade. Eu também acho que
dá, dependendo do lugar. Só que diminua dessas nove horas o tempo que a gente
perde pra levantar da cama, por não conseguir acordar tão cedo; mais o tempo de
se deslocar dentro do porto; passar pela imigração; tentar entender onde a
gente está; trocar moeda, se for o caso; escutar os taxistas que vêm te abordar;
desconfiar de todos eles; tentar encontrar algo mais barato; e ainda pensar que
é preciso chegar ao navio uma hora antes de ele sair, já se foi metade do
tempo.
Em Mascate, as ofertas dos
taxistas eram 25 euros a hora, podendo chegar a 20 euros. Depois de se afastar
um pouco do porto, encontramos o Ramanãn, que aceitou 120 dirhams (R$140,00)
mais US$20,00 (R$80,00). Ou seja, R$260,00 em vez de R$375,00 dos primeiros
taxistas. E ainda bem que no Omã os taxistas estavam aceitando moedas
estrangeiras porque, assim, não precisava trocar o dinheiro de novo e,
logicamente, perder dinheiro de novo.
É sempre MUITO bem recomendado que você se planeje para chegar uma hora antes de o navio partir, por segurança. Ainda mais se você estiver num outro país. SEGUE ESTE MEU CONSELHO: chegue uma hora antes, pelo menos, pra evitar quaisquer imprevistos. Esse aviso é de alguém que já perdeu um navio uma vez. Se você já perdeu avião alguma vez, acredite: navio é bem pior. Quer saber como foi? Clique aqui.
O grande lustre do salão principal da mesquita. |
Como já era de se esperar, a
parada em Mascate foi feita meio correndo, de táxi, preço combinado
anteriormente para o taxista ficar por três horas à nossa disposição. Considerando
o tempo curto, os deslocamentos e a vontade de ver o máximo possível da cidade,
as descidas do carro eram mais para observar um pouquiiinho melhor os
monumentos. A visita um pouco mais bem feita foi a da Grande Mesquita do Sultão
Qabus, faltando poucos minutos para ela fechar (fechava às 11h naquele dia).
Precisa entrar descalço, ou de meias, pisando num forro que protege o tapete. E
tinha lá seu lustre surpreendente, que, na hora, até me deixou na dúvida se não
era mais bonito do que o da mesquita de Abu Dhabi. Hoje, comparando as fotos
das duas, não acho. Depois de visitar o templo, procure por uma salinha onde
eles oferecem água, tâmaras e café GRÁTIS, bem como livros em várias línguas
que falam sobre o islã, que você pode levar, “mas só pode 1 ou 2”. O meu eu ainda
não li.
Pra pisar nesse chão, só delcalço ou de meias. |
O teatro da Casa da Ópera é outro
ponto que os turistas vão. Dá pra fazer a visita guiada por 3 OMR (omani
rialis) para conhecer curiosidades do teatro e ver outras peças também
curiosas, como flautas de materiais estranhos e figurinos de ópera, tudo em 15
minutos. Esse era o único jeito de conhecer o prédio por dentro. O teatro
principal, de 1.100 pessoas, foi construído inspirado “no Omã antigo, mas
usando a tecnologia atual” – adorei quando a guia falou isso. O restante dos
monumentos, só passamos na frente ou descemos pra dar uma olhadinha por fora
mesmo.
Incensário visto de dentro do táxi. |
Encerramos o passeio no Mutrah
Souk, um dos mercados mais antigos do país, mas não comprei nada lá. Os
vendedores também avançam abordam todos os turistas, e vão baixando o
preço, se você não quiser levar de cara. Dizemos "adeus" ao nosso taxista guia e, como é de praxe, encerramos em algum lugar pra usar wifi, já que internet de navio... Você $abe, né? Então eu me atualizava usando a rede sem
fio de algum restaurante ou loja onde eu parasse. Reservei um tempinho do fim
do passeio para sentar num restaurante com wifi. Na primeira opção, pedi a
coisa mais barata e pedi a senha. O atendente me disse que só liberaria a
internet com uma consumação mínima de 8 OMR. Andei um quarteirão, e comprei uma
Coca por 0,3 OMR e um sorvete por 2,5 OMR. Em abril de 2019, 1 rial omanense
correspondia a mais ou menos R$10,00.
Mutrah Souk. |
Mascate vista do convés do navio. |
Antes de toda essa experiência nova no Omã, o Splendida parou nas Ilhas Sir Bani, mas foi uma parada mais sem gracinha, talvez porque já criamos (ou pelo menos eu é que criei) o hábito de viajar a algum lugar e querer aproveitar cada segundo visitando tudo o que se tem pra visitar. Aí, quando se chega a uma ilha onde a única coisa a se fazer é observar o mar, nadar numa área limitada e cheia de pedras na areia, ou dançar com a equipe de animação sob um sol super escaldante, talvez dê uma brochada mesmo. Muitos passageiros nem desceram do barco ou desceram e já voltaram em poucas horas.
Neste lugar, as opções de passeio
que havia eram pagas, então fiquei somente na área reservada pela MSC Cruzeiros. Eu
até achei bom ficar deitado nos sofás e almofadas que a equipe do navio
preparou pros hóspedes sob uma tenda na praia. Só faltou uma água de côco, mas
achei que meu dinheiro não merecia o desaforo de eu usar R$40,00 num côco.
"Preço especial: 8 euros". |
Sem muito o que se dizer sobre esse destino, partimos pro próximo lugar, que foi o Omã. Só que era pra termos parado em Khasab antes de Mascate, mas tivemos outra frustração, porque o Splendida teve de saltar esse destino, fazendo uma pequena mudança no itinerário devido à morte de um passageiro. Pra quem acredita em destino...
Itinerário de um cruzeiro de quase um mês. |
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