"Acho que dança não tem sexo, e
nunca tive de pedir desculpas por ser bailarino."
André Valadão
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Será que eu passaria na audição da escola de balé do Bolshoi? |
Quase 5.000 pessoas reunidas para
celebrar uma festa à dança. Esse é o público de uma noite apenas, que é o que
cabe no grande ginásio do Centreventos Cau Hansen, em Joinville, Santa
Catarina, mais precisamente, 4.500 pessoas. Eu nunca tinha imaginado um teatro
com capacidade para tantos. Eu já ficava impressionado com o Grande Teatro do
Palácio das Artes, cuja capacidade é de quase 2.000 pessoas... Fiquei muito mais
ao entrar numa plateia com mais que o dobro disso, e de novo muito mais impressionado
ao vê-lo cheio. A energia vinda da plateia ajudava as coreografias a ficar
ainda mais emocionantes e os bailarinos a dançar com mais energia. O Festival
de Dança de Joinville está no Livro dos Recordes como o maior do mundo e sempre
acontece em julho. Realmente não dá pra imaginar uma cidade vivendo e
respirando dança mais do que lá. Em 2012, foi a 30ª edição, mas a minha
primeira vez ali. Se fiquei tão extasiado só assistindo, como seria se tivesse
me apresentado? Nem precisaria ser no Centreventos, com mais de 4.000 pessoas.
Num shopping ou numa feira também serviria. É tanta coisa acontecendo, que eu
duvido que você vá e consiga ver todas as coreografias, de todos os grupos, até
porque o festival se estende às cidades vizinhas, e coloca palco aberto também
em Jaraguá do Sul, Pomerode e Blumenau.
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"Ela" eu tenho certeza de que passaria. |
Tive sorte mais uma vez nas
minhas viagens. Na semana em que estava em Curitiba, conheci a ótima e divertida
Juliana Crestani, coordenadora da CHHAI (Casa do Hip Hop Arte Inclusiva), em
Joinville, que me convidou para ficar hospedado em sua casa. Então, aproveitei
cinco dias mal gastando com a comida, já que eu
também tomava café da manhã na casa dela. Mas se você não tiver a mesma sorte
que eu, quando for ao festival, já procure um hotel ou pousada com pelo menos
um mês de antecedência, prazo que já será muito difícil encontrar algo. Eu
presenciei amigos meus batalhando por hospedagem já em maio.
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Árvore da sapatilha - um dos símbolos do Festival |
Por conta da minha anfitriã, o
estilo de dança com que mais convivi em Joinville foi o Hip-Hop, o que é ótimo,
pois saí um pouco da minha zona de conforto, que é a dança contemporânea, e
descobri que, dentro do Hip-Hop, existem outras dez milhões de subdivisões de
linhas e estilos. Hip-Hop é muita coisa:
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...é dança... |
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...é arte visual... |
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..´.é o próprio visual do sujeito. |
Contato é tudo. Graças a Juliana,
consegui assistir à Noite de Gala de graça e no camarote, usando um crachá
que ela conseguiu pra mim. O que iria me custar R$94,00 para assistir a 15
grupos e companhias, não me custou nada. E ainda deu pra entrar no camarote do
vice-prefeito, que ficava do lado do meu, e roubar uma dúzia de chocolates Bis.
Oportunismos à parte, praticamente tudo o que eu vi no teatro do Centreventos
mexeu comigo de alguma forma. Pra mim, não importa o estilo, mas a dança.
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Vista parcial da plateia e arquibancada do Centreventos. |
Todo esse meu entusiasmo só não é
maior porque eu não consegui aproveitar tudo o que festival tinha a me
oferecer: não fiz nenhuma aula, porque todas eram caras, e nem fui aos
Seminários de Dança, pois tive de ir pra Florianópolis. Como eu disse, é coisa
demais pra se fazer. Saí com a sensação de não ter aproveitado tudo, mas também
de ter aproveitado bastante. Era humanamente impossível mesmo aproveitar TUDO.
Nem se eu fosse dois. Ah! “Ritmos a dois”. Faltou falar da parte da programação
destinada à Dança de Salão. Oficinas, apresentações e competições num outro
teatro, o Harmonia Lyra:
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A dança não é só competição. |
A dança me ocupou as 24 horas.
Não conheci nenhum ponto turístico da cidade e, realmente, não dá pra fazê-lo
na época do festival, pois este já é um motivo de visita mais do que
suficiente. O único “atrativo” turístico que conheci foi o relógio em que as
pessoas podem ver quantos dias faltam para o Festival. É isso mesmo. Quiseram
transformar um marcador sem graça de horário e temperatura em ponto turístico.
Nem colocarei foto disso aqui. Mas isso não acontece só em Joinville. Várias
cidades colocam no seu mapa turístico “Praça não sei das quantas”, “Cruz do não
sei o quê”, “Memorial de não sei o que é que tem” pra que o turista ache que
tem coisa pra fazer, mas, no fundo, é uma coisa pra lá de sem graça. Mas isso é só um detalhe,
que não faz diferença em tudo de bom que a cidade de Joinville me ofereceu. E a
próxima? Quer dançar/viajar comigo?
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Juliana e eu na fachada do Centreventos |