“’Não deixe de anotar as suas primeiras impressões o mais rapidamente
possível’, dizia-me um gentil professor que tive o prazer de conhecer logo de
minha chegada ao Japão, ‘pois elas são evanescentes e, uma vez esmaecidas pelo
tempo, nunca mais virão ao seu encontro. No entanto, de todas as estranhas
sensações que poderá captar nesse país, serão as primeiras as mais encantadoras’.”
palavras do escritor e jornalista Lafcadio Hearn, em mural no Museu do
Olho, em Curitiba.
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Caroline e eu no Parque Tanguá |
No mês que vem verei se isso é mesmo válido, já que voltarei a Curitiba,
um ano depois de conhecê-la. Daí, volto a este texto para atualizar as
informações sobre ele e dizer se concordo ou não com a afirmação acima. Em maio do ano passado, desci do aeroporto de São José dos Pinhais. De lá, peguei um ônibus de
linha que me levou até Curitiba e tem toda hora pelo preço aproximado de
R$4,00. Havia também o executivo por R$9,00. Para hospedagem, há um Albergue da
Juventude, praticamente em frente ao Museu Ferroviário. Que bom que lá também
tive anfitriões legais e economizei. Mais um conselho: aceite as recomendações
de antigos turistas. Meu irmão me recomendou o Museu do Automóvel, que fica em
frente ao estádio do Atlético Paranaense. Fica pra quando eu voltar.
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Curitiba vista no fim de tarde, do alto da Torre Panorâmica |
No meu primeiro dia, fiz o clássico passeio de ônibus turístico com o
teto aberto. Custa quase R$30,00 e te dá direito a observar os principais
pontos turísticos, podendo descer em quatro deles e depois reembarcar sem pagar
nova tarifa. Caroline, minha amiga e moradora da cidade, resolveu me
acompanhar, pois ela sempre quis andar nesse ônibus, e ela é como todos nós:
não conhece todos os pontos turísticos da cidade onde mora. Primeira parada,
custando R$6,00 para entrar, Museu do Oscar Niemeyer, conhecido por todos como
Museu do Olho, por causa do formato que tem sua forma arquitetônica. Visitamos
apenas as galerias da parte de baixo. A parte com forma de olho mesmo estava
fechada para reformas. Segunda parada, Ópera de arame, locação do último capítulo
da novela Sonho meu. Um pouco menos conhecido, mas mais bonito do que os anteriores foi o
local da nossa terceira parada, o Parque Tanguá, um dos cenários mais belos,
mas aposto que você nunca ouviu falar dele, né? Nem sempre aquilo que é mais
conhecido é mais bonito. Esses dois últimos locais citados foram construídos em
pedreiras desativadas. Quem ótimo aproveitamento do espaço! Por último,
descemos (ou subimos?) na Torre Panorâmica, de onde tivemos uma vista de 360
graus da cidade a uma altura correspondente a um edifício de 40 andares. E
fomos bem na hora do pôr-do-sol, o que tornou tudo ainda mais fascinante. Ingressos
a R$5,00.
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Nalu e eu na Praça do Homem Nu |
No segundo dia, um sábado, foi a vez da minha amiga Nalu ser meu guia.
Fomos ao Passeio Público, um parque com um mini-zoológico, um ambiente mais
familiar, e à Praça do Homem Nu, e eu reforço o que tinha dito antes, o de que
os lugares menos conhecidos também são bonitos. No meu terceiro e último dia, um domingo, eu não tinha guia, mas isso
não foi um problema. É muito fácil se deslocar em Curitiba, e divertido também,
já que aqueles ônibus biarticulados grandões são novidade pra todos nós que não
moramos lá. E o melhor é que no domingo a passagem é R$1,00. Nos outros dias, é
quase R$3,00. Então nem fiquei com medo de pegar o ônibus errado, pois, se isso
acontecesse, não seria um grande desperdício de passagem e nem seria tedioso. Quando
o ônibus para, a gente desce naqueles tubos, e só é necessário pagar nova
passagem se você sair do tubo. Caso fique nele, pode pegar quantos ônibus
quiser, pelo preço de uma passagem apenas. Assim consegui visitar vários
lugares, começando pelo famoso Jardim Botânico, onde me deparei com mais um
espaço fechado para reforma, o espaço cultural Frans Krajcberg, um grande tubo
que circula aquela grande estufa (aliás, não se engane com o tamanho dela, ela
é bem menor do que aparenta); o cartão-postal mais famoso de Curitiba, e
realmente é lindíssimo, mas o mais legal é o Jardim das Sensações, onde você
pode “ver” com as mãos, pés e nariz os mais variados perfumes, texturas e
tamanhos de plantas, e a diversidade do piso. Há ainda uma galeria de
exposições e uma loja com lembrancinhas da cidade. Com tanta coisa concentrada
num só lugar, dá pra se passar toda uma tarde ou uma manhã no Jardim Botânico.
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Jardim das Sensações |
No Parque São Lourenço, construído num lugar que já foi uma fábrica de
cola, fui surpreendido por uma cena inusitada: um monte de ovelhas negras
pastando. Minhas duas últimas paradas foram na Universidade Livre do Meio
Ambiente, uma universidade não de curso superior, mas no sentido de ser
universal. Ela é uma construção de madeira que abriga vários cursos de curta
duração, no intuito de conscientizar as pessoas para a preservação ambiental. Dali, segui para o Bosque Alemão, onde li a estória de João e Maria em
paredes de azulejo.
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Se eu interagir com algum animal, é porque falta alguma coisa |