quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Música ao Longe

"Solteiro no Rio de Janeiro, parado em qualquer praia, sou solto em qualquer lugar. Tira a camisa, esse clima tá de abafar. Liberem suas delícias, parado não dá pra ficar." – Solteiro no Rio de Janeiro, Toni Garrido.
Parado? Não dava mesmo. Ainda mais pra equipe de dançarinos do Costa Fascinosa.

"No Rio tem mulata e futebol, cerveja, chopp gelado, muita praia e muito sol, é... Tem muito samba, Fla-Flu no Maracanã, mas também tem muito funk rolando até de manhã. Vamos juntar o mulão e botar o pé no baile Dj" – Endereço dos bailes, Mc Júnior e Leonardo.
Tem mulata e tem loira. E não é só loira gelada.
"No Rio de Janeiro é samba, funk e mulher e quem tiver dinheiro, faz o que quiser. Praia o dia inteiro, escolhe a puta que tu quer. Aqui é igual Miami ou não é. Bem-vindo ao Rio de Janeiro." – Rio de Janeiro II, MAG.
Posso escolher? Mas tô na dúvida: Fernandinha Souza ou Marisa Orth?
"O Rio de Janeiro continua sendo o Rio de Janeiro Fevereiro e Março." – Aquele Abraço, Gilberto Gil.
Mesmo com todas essas maravilhas, nesses dois meses, eu fui um santo.
Só rezava, até pra Nossa Senhora da Cabeça.
"Jardim florido de amor e saudade, terra que a todos seduz, que Deus te cubra de felicidade, ninho de sonho e de luz." – Cidade Maravilhosa, André Filho.
Adriana também Esteves comigo. Outra flor do meu jardim.
"Cristo Redentor braços abertos sobre a Guanabara" – Samba do Avião, Tom Jobim.

Átila Muniz braços abertos sobre a Guanabara.
"Cidade maravilhosa és minha o poente na espinha das tuas montanhas quase arromba a retina de quem vê de noite meninas peitinhos de pitomba vendendo por Copacabana as suas bugigangas." – Carioca, Chico Buarque.
Minha retina mal podia acreditar no que eu via do alto daquela montanha.
"Quente paraíso do espírito excitado pela festa dos sentidos animados pelo sol. Quente paraíso do espírito excitado pela festa dos sentidos animados pelo mar." – Garota Carioca, Fernanda Abreu.
Jaime e eu animados pelo mar de Ipanema. Só faltou o sol.
"O trem corre no trilho da Central da Brasil." – W/Brasil (Chama o Síndico), Jorge Ben Jor.
E elas também correm dos tarados dos trens.
"Passe pela Lapa, pelos arco-íris dos seus arcos mais explícitos, pelo claro-escuro, pelo som impuro, obscuros becos, claros dígitos." – Programa, Adriana Calcanhotto.
Passei por lá também.
"Cariocas nascem bambas. Cariocas nascem craques. Cariocas têm sotaque. Cariocas são alegres. Cariocas são atentos. Cariocas são tão sexies. Cariocas são tão claros. Cariocas não gostam de sinal fechado." – Cariocas, Adriana Calcanhotto.
Pior que são assim mesmo.
"Se venho pelo Aterro, eu vejo o Pão de Açúcar. Se venho pelo ar, eu te vejo no mar. Se chego pelo mar, lhe encontro a me esperar. Monumento natural, sensacional. Estou subindo de bondinho no Pão de Açúcar. Abro os meus braços pro Rio de Janeiro e o Redentor. Profusão de cor cintilando milhões de luzes a brilhar, no céu, na terra e no mar, no Pão de Açúcar." – Pão de Açúcar, Sônia Rocha.
Calma, ainda não é ele. A primeira subida é pro Morro da Urca.
"Paisagem super tropical faz sucesso num postal. Diz a foto que o morro do Pão-de-Acúcar é um eterno carnaval." – Pão de Açúcar, Erasmo Carlos.
Ainda não acabou. Agora a segunda subida: do Morro da Urca pro Pão de Açúcar.
"Vamos, meu amor, o bondinho vai subir. É a nossa hora de sonhar. Hoje o Pão de Açúcar está mais, mais acolhedor. Tomem seus lugares no bondinho, faz favor. Vamos ver o sol lá no céu brincar de cor dando show de imagens do meu Rio. Vamos esquecer que teremos de voltar. Vamos, meu amor, o bondinho vai, vai subir. É a nossa hora de sonhar." – Bondinho do Pão de Açúcar, Johnny Alf.
Dá até pra ver o Cristo lá de cima.
"I went to Sugar Hill the other night. From the top you see the city lights. Took the cable car to the other side. The moon above was big and bright." – Rio de Janeiro, Barry White.
O sol sobre nós também era grande e brilhante.
A cidade sob nós era grande e brilhante.
"Cidade sangue quente maravilha mutante... O Rio é uma cidade de cidades misturadas. O Rio é uma cidade de cidades camufladas com governos misturados, camuflados, paralelos, sorrateiros, ocultando comandos..." – Rio 40 graus, Fernanda Abreu.

Camuflagens de pedra, camuflagens de carne e osso.
"Brasil, tua cara ainda é o Rio de Janeiro. Três por quatro da foto e o teu corpo inteiro. Precisa se regenerar. Eu sei que a cidade hoje está mudada." – Saudades da Guanabara, Moacyr Luz.
Os tempos são outros mesmo. Tem gente até fazendo pole dance no metrô.
"Tô contrito, concentrado, tô pensando. Pensando em quê? No Rio de Janeiro. No Rio de Janeiro, de janeiro, de janeiro. Sou carioca, sou do Rio de Janeiro. E o nosso Rio não é só Março e Fevereiro. Tem pagode o ano inteiro (...) Ih! Me lembrei da Candelária." – Eu sou do Rio de Janeiro, Martinho da Vila e Gabriel o Pensador.

Escuto "Candelária" e, das duas, uma: ou me lembro da chacina de 1993,
 ou da personagem de Dil Costa na primeira temporada de Malhação.
"Melhor ficar de olho no padre e outro na missa. Situações acontecem sobre um calor inominável. Beleza convive lado a lado com um dia-dia miserável. (...) É muito difícil falar de coisas tão belas de frente pro mar, mas de costas pra favela. De lá de cima o que se vê é um enorme mar de sangue, chacinas brutais, uma porrada de gangue. O Pão-de-Açúcar de lá o diabo amassou. Esse é o Rio e se você não conhece, bacana, tome cuidado. As aparências enganam." Zerovinteum, Planet Hemp.


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