sexta-feira, 14 de junho de 2013

Belíssima

"Liberdade é como saborear um passeio de bicicleta sem precisar apostar corrida com ninguém. Apenas pedalar. No nosso ritmo."
Ana Jácomo, jornalista.
Eu, Paulo, Fabiane e Tiago na Plaza Torre del Vigia, em Maldonado.
Trabalhar no navio Costa Fascinosa por dois meses me deu a oportunidade de visitar Punta Del Este oito vezes. Depois de passar dois dias em Buenos Aires, chegávamos a Punta por volta das 10h e saíamos por volta das 17h. Os principais pontos turísticos da cidade ficam muito perto do porto, talvez, por isso, o navio ficasse lá tão pouco tempo. Embora seja um grande pólo do turismo, Punta é muito tranquila.

Se você costuma viajar sozinho, não se preocupe. Companhia pra tomar sol não vai faltar.

Quase todas as vezes que eu desci na cidade visitei a Praia de Los Dedos, ou de La Mano, embora nenhum desses dois nomes seja o oficial (Playa Brava). E quase todas as vezes também tomei o sorvete de doce de leite do Mc Donald’s. Sabe aquela casquinha de R$3,00 nos sabores de baunilha, chocolate e misto? No Uruguai e na Argentina tem de doce de leite também, e é MUITO melhor do que qualquer sorvete de qualquer marca. E eu nem me preocupava em trocar o dinheiro porque eles aceitam real, dólar e peso argentino, além do peso uruguaio. Mas te dão o troco só em moeda local. Fazendo a coversão a casquinha saía até mais barata lá do que aqui. Ache de tudo na Avenida Gorlero, principal avenida, onde estão os pontos de informação turística, bancos, restaurantes, e uma feira de artesanatos uruguaios.

Paradinha pra comprar uma lembrança pros meus amigos brasileiros.

Punta é paradisíaco, mas, pra quem já conhece boa parte do litoral nordeste brasileiro, eu não sei se daria o mesmo adjetivo pra praia em si, pra cor do mar. Diria belo, apenas, e usaria belíssimo para o conjunto da obra. A água é de um azul bem mais escuro, praticamente não há ondas, e é gelada. Eu só entrei no mar duas das oito vezes em que estive lá: uma vez em janeiro, outra em fevereiro. Em março, já estava impossível. Desci do navio com uma blusa de manga comprida porque já ventava frio. O visual da cidade ficava até charmoso daquele jeito, além de estar mais vazia, como prefiro. Todos agasalhados na beira do mar.
Repare as varandas do prédio da direita. São piscinas.
O que mais me chamou a atenção na orla da praia é a falta de segurança nas casas. Deixa eu explicar melhor. Não há cercas elétricas, portões altos, muros com cacos de vidro nas pontas. Cercas, quando há, nem passam do meio metro. E olha que dentro das casas o conteúdo pra se roubar deve ser muuuito bom. Eu já fiquei impressionado com as “casinhas” que haviam ali, na beira da praia. Imagino se eu tivesse ido ao bairro de Beverly Hills (sim, o nome é esse mesmo), onde há mansões absurdas, muitas de pessoas famosas. Também deixei de conhecer o Museu Rally, de arte contemporânea, mas porque este tinha um horário de funcionamento meio nada a ver. Abria no fim da tarde e fechava à noite. Se for visitá-lo, confira esses horários antes, porque mudam dependendo da estação do ano.
Paróquia em frente à Praça do Farol.
Mesmo sem dinheiro tá pra se divertir em Punta. Fabiane, Paulo, Tiago e eu alugamos uma bicicleta um dia pela bagatela de... R$0,00. Perto do porto, há um ponto de empréstimo dos camelões do Itaú. Você mostra pra funcionária seu cartão de crédito (eu emprestei o de débito mesmo, eles não conferiram, hehehe), ela copia os dados dele com um papel carbono, e você assina um contrato se comprometendo a pagar $600,00 (seiscentos dólares) caso entregue a bicicleta com muito atraso. O prazo para utilização é de três horas. Pra andar em Punta, é o suficiente. Nós fomos mais ousados e tentamos ir até Punta Ballena (procure na lista de cidades do blog o texto sobre ela), mas, depois de pedalar por uma hora, percebi que não conseguiríamos cumprir o prazo e propus ao grupo mudar o roteiro para Maldonado, cidade vizinha a Punta.
  
É. O nome da Santa é esse mesmo.

Catedral San Fernando de Maldonado.
Visitamos a Plaza San Fernando de Maldonado e a Catedral de mesmo nome. Depois de pedir informação a um uruguaio, seguimos pela estrada, eu sempre de olho no mapa e no trânsito. Chegamos até a Puente Leonel Vieira, nome oficial da famosa Puente La Barra, uma obra arquitetônica à la Oscar Niemeyer – cheia de curvas belas, mas que não servem pra nada além de encantar a vista. A ponte liga as cidades de La Barra e Punta Del Este. Apenas atravessamos a ponte e já voltamos porque o prazo de três horas estava se esgotando. Voltamos pela beira do mar, observando as casas podres de chique e chegamos a tempo de devolver os camelos e reembarcar, afinal a viagem era mais a trabalho do que a passeio – embora sempre pudéssemos dar nossas escapulidas.
Mesmo com toda essa beleza, eu senti muita saudade de Caxias do Sul.
Só que não.