sábado, 2 de novembro de 2019

Eterna Magia


"Viajo, logo quero viajar de novo."
Não sei quem é o autor, mas acho que cai muito bem pra quem já foi à Ilha da Magia seis vezes.





Algumas pessoas não têm um tipo favorito de viagem que gostam de fazer. Gostam tanto do turismo histórico, de visitar museus e monumentos, quanto do ecoturismo, subir montanhas e nadar em praias. No Brasil, conhecer uma capital litorânea é uma ótima opção quando se é um turista eclético, pois quase todas são cidades históricas. No sul do país, uma particularidade: o estado de Santa Catarina é o único cuja capital é uma ilha, Florianópolis, a Ilha da Magia por alguns chamada. Neste texto falo brevemente dos passeios que fiz em cinco dias num mês de junho, baixa estação. Essa é uma época de início do inverno rigoroso no sul do país, mas eu tive sorte de pegar um clima ameno. Então, minha recomendação (óbvia) é que você sempre pesquise a previsão de tempo antes de viajar, pois pode ocorrer, mesmo durante o inverno do sul, alguns rápidos picos de calor.


Praia de Jurerê
Mas uma recomendação minha pode até parecer curiosa pra você, que é a de visitar essa ilha justamente no inverno, na baixa temporada, por mais que soe estranho alguém te aconselhar ir à praia no frio já que não conseguirá tirar a roupa nem entrar no mar. Mas eu, que já estive em Florianópolis também em janeiro, não troco a calmaria da cidade em outras épocas pelo caos que é no verão. No verão, entendo, é inegável que o sol deixe a cidade muito mais bonita, mas milhares de pessoas vão atrás de toda essa magia da Ilha e acabam lotando (lotando mesmo, de brasileiros e argentinos) o local, que, mesmo tenho 54 km de comprimento por 18km de largura, só possui UMA saída terrestre. O outro meio de acesso é aéreo, aeroporto Hercílio Luz (aliás, tudo lá se chama Hercílio Luz), e nem balsa para o continente há. Não possui metrô e é uma ilha montanhosa, com várias reservas que não podem ser desmatadas, então é comum que só haja UM acesso para quase todos os lugares que vale a pena visitar. Começarei então pelo norte da ilha, nas zonas chamadas Jurerê e Jurerê Internacional, e onde o mar é menos frio. Lá, a beleza é nítida no litoral, obviamente, mas também na parte residencial, porque é um bairro nobre, cheio de mansões luxuosíssimas, muitas vezes habitáveis só no verão, porque muitos desses casões não servem como residência permanente, mas como casas de veraneio. Visite as fortalezas que estão por lá. A principal delas é a de São José da Ponta Grossa (R$15,00 para entrar). Além dos canhões comuns a qualquer fortaleza ,você conhecerá também quartel, antiga prisão, além de observar o mar, sempre o belo mar catarinense.



Fortaleza de São José
O Centro também é um ótimo lugar pra se passar um dia inteiro, exceto no domingo, que é deserto em qualquer época do ano, até na alta temporada. Mesmo sendo uma capital, Floripa tem um ar provinciano, não parece muito uma cidade grande, então é comum o comércio local fechar no sábado à tarde e permanecer assim todo o fim de semana. No Centro, com uma leve caminhada, você consegue conhecer a Igreja Matriz, a praça à frente da matriz, algo comum em qualquer cidade, alguns museus,o mercado (prédio histórico com restaurantes e lojas de lembrancinhas e especiarias), andar pela Avenida Beira Mar, e talvez até pegar um barco turístico que faça uma hora de passeio por R$25,00. Isso tudo com um copo de caldo de cana na mão – algo típico, barato, delicioso e fácil de encontrar. Abaixo, fotos em detalhe da praia da Avenida Beira Mar, a mesma que abre este texto:


Se sobrar tempo, há praias próximas ao Centro possíveis de se chegar rapidamente (nunca na alta temporada). Dunas da Joaquina e Barra da Lagoa estão na região da Lagoa da Conceição, tudo lindamente avistável do mirante que está no início da descida do morro, quando se vai até lá partindo do Centro. Existe também um passeio de barco que percorre toda a lagoa por R$25,00. É fácil de se informar no local e tem vários horários. Estender a noite por lá mesmo é uma boa pedida. Há diversos tipos de balada, barzinhos, lugares pra se dançar a dois ou sozinho. Se ainda sobrar um tempinho depois disso tudo, visite também o Projeto Tamar, que na baixa temporada também abre todos os dias e custa apenas R$16,00 (inteira) e R$8,00 (meia). Tamar é o nome de um projeto brasileiro cujo trabalho é resgatar e preservar a vida das tartarugas marinhas. Outra opção de passeio com partida do Centro, se ainda estiver num clima de uma turnê histórica: suba um pouco a costa leste e continue por Santo Antônio de Lisboa, uma pequena e charmosa vila que tem um trecho preservado da rua calçada mais antiga de Santa Catarina, e diversas lojas de artesanato, sendo as peças de renda de bilro algo bem típico.

Dunas da Joaquina
Passando agora pro sul, em Ribeirão da Ilha, o Restaurante Ostradamus é o mais famoso e sempre recomendado em guias de viagem. Reforço aqui as recomendações e aviso que ele também oferece opções de pratos para quem não gosta de ostra. A região também possui belas edificações, algumas repletas de azulejos portugueses nas paredes externas, como o próprio Ostradamus. A uma quadra dele, visite a Igreja Nossa Senhora da Lapa:

  

Já do lado sudeste de Floripa, você pode ter uma boa refeição também num lugar bem típico, curioso e recomendado, o Bar do Arantes. Os preços são levemente mais baixos do que o Ostradamus e os fregueses costumam escrever bilhetes contando sua experiência no local e pendurá-los nas paredes, no teto, ou deixar sob o vidro das mesas. Ambos os restaurantes ficam à beira do mar, o que, para mim, torna qualquer refeição também um excelente programa numa viagem, e não somente uma parada para matar a fome.


Bar do Arantes