terça-feira, 30 de junho de 2020

Sol Nascente

"Todos sabem no Brasil que o idioma é português,
assim como lá na França todos falam o francês.
Por isso, na Paraíba, falamos PARAIBÊS.(...)
É assim mesmo que se fala na Paraíba da gente.
E, se quiser aprender, mostre que é CABRA QUENTE,
mostrando admiração. Comece dizendo: 'OXENTE!'"
Estrofe inicial e estrofe final do Dicionário Paraibês, de Vicente Campos Filho.

Fiquei um tempão esperando esse estrangeiro, porque ele não queria
que ninguém aparecesse na foto dele.

Aí eu tive ideia de tirar a foto do outro lado, que 
nunca tem ninguém.

Nas férias de janeiro de 2019, voltei a Recife, oito anos depois. Eu sei que Recife não é na Paraíba, mas, como eu achei o Dicionário Paraibês um livrinho muito legal e este texto também falará sobre João Pessoa, comecei este relato com versos paraibanos. Quando fui ao Nordeste em janeiro de 2011, fiz um texto sobre todas as cidades que aqui são mencionadas. É só procurar no índice do lado direito. que tem mais informação.
Bairro de Boa Viagem visto da cobertura do Hotel OndaMar.

Esta viagem também foi um pouco mais nutella. Aconteceu por meio de um pacote de CVC: voos já fretados por eles mesmo, hotel Ondamar também já reservado, um dia de citytour já programado. Nada daquela coisa de 2011 de percorrer cinco estados brasileiros de carro, escolhendo a hospedagem só quando chegasse no lugar, tudo sem whatsapp. A única pesquisa que precisei fazer agora foi sobre que passeios turísticos fazer, já que o pacote de uma semana incluía só um citytour por Olinda, então eu precisava me ocupar nos dias seguintes.

Centro histórico de Olinda.

Lojinha de artesanato para maiores de 18 anos, em Olinda.


O hotel onde fiquei é na Praia de Boa Viagem, uma área ótima a qualquer hora. Peguei praia no primeiro dia, caminhei pela orla, passando pelo Parque Dona Lindu, que é tipo o Ibirapuera deles, mas menor e com uma praia na frente - tem teatro, parquinhos, área grande pra se usar bicicleta ou patins. À noite, perto da Igreja de Nossa Senhora de Boa Viagem, tem feira, com bastante variedade de comida e barracas de lembrancinhas.
Estacas de ferro pra não deixar a árvore cair,
em frente ao Paço do Frevo, em Recife.
Uma das lojas de usados perto do mercado público, no centro.


No dia seguinte, fui ao Centro histórico. Embora fosse uma região onde iria com guia no dia seguinte, quis percorrê-lo no meu tempo e no meu ritmo, sem a preocupação com os horários e com outras pessoas, como é típico das excursões. Na praça do Marco Zero, o que se vê é o letreiro com o nome da cidade, algumas esculturas ao ar livre do Francisco Brennand, o Centro de Artesanatos de Pernambuco, o Centro Cultural da Caixa Econômica Federal. Ali perto tem também alguns museus pagos e o Mercado Público, lugar bom pra se comprar presentes. A Rua Bom Jesus também é bonita e tem a sinagoga mais antiga das Américas. Um dia foi preenchido assim, conhecendo parte do centro histórico de Recife e ficando decepcionado como tem muitos casarões bem abandonados:
              


Mas também há monumentos...
...bem preservados. 
 
O city tour incluso no meu pacote da CVC foi executado pela Luck Receptivo, e era o essencial de Recife e Olinda. Daí, achei mais prático combinar outros passeios com eles, até porque o preço estava melhor do que com outra empresa que eu tinha pesquisado. O primeiro deles foi pra terceira cidade mais antiga do país, que também é a capital paraibana.
Ponta dos Seixas, marco mais oriental
do continente americano.

Feira de Artesanatos na Praia do Jacaré.

Em João Pessoa, o ônibus da Luck passa rapidamente pelo centro histórico, fazendo rápidas paradas. Depois, passamos no lugar onde o sol nasce primeiro. Se você olhar o mapa do Brasil observe que o ponto mais à direita, entrando mais no Oceano Atlântico, fica lá em João Pessoa. Chama-se Ponta dos Seixas. Então a gente passeia naquele pontinho ali do mapa, pra, quem sabe, ver se a gente enxerga até  a África. Mas o clímax desse passeio é na Praia do Jacaré, no famoso espetáculo do saxofonista tocando o Bolero de Ravel durante o pôr-do-sol. Chegando lá, da praia mesmo é possível assistir à performance do saxofonista. Fica cheio de gente, mas dá pra achar um cantinho. Talvez tentem te convencer a comprar um lugar num barco, dizendo que a vista da praia é ruim, mas não precisa. Pode ver que eu consegui tirar fotos ótimas, da praia mesmo:
 

Bandeira de Pernambuco na
praia de Porto de Galinhas.
Porto de Galinhas é um lugar que ficou aquém das minhas expectativas em 2011 e, oito anos depois, continuou sendo uma decepção. Pra se chegar lá, em vez de pegar uma excursão, arrisquei outro esquema - de ir até o aeroporto e pegar um táxi credenciado. Nesse caso, o taxímetro não corre normal, a gente negocia o valor com o taxista. Dividi com mais duas pessoas e não me lembro quanto pagamos, mas acabou dando um valor próximo ao da excursão da Luck. Hoje penso que teria sido melhor ter fechado uma excursão mesmo, mas, se fizer o mesmo que eu, pegue um carro oficial, pela sua segurança. Talvez o que me incomoda em Porto é o excesso de gente. Acho que os corais e a praia seriam lindas se tivesse só 10% dos turistas que sempre estão lá. Dica: olhe o calendário de marés. Talvez dê pra ir andando até os corais, sem precisar pagar a jangada, que não é barata.

Não tem nenhum galinha nas praias, elas aparecem só nos artesanatos. Mas o local tem esse nome porque ali já foi um porto de desembarque clandestino de escravos, que chegavam em navios de cargas de galinha d'angola. Os senhores sabiam da chegada dos escravos ao receber a seguinte mensagem dos comerciantes: "tem galinha nova no porto". 









 

Há uma versão histórica que considera Cabo de Santo Agostinho como o verdadeiro ponto de descoberta do Brasil. Antes de Pedro Álvares Cabral chegar à Bahia, o espanhol Vicente Pinzón teria atracado na bahia de Suape, em janeiro de 1500. De todos os passeios que fiz, achei este o que tem as praias mais bonitas. É o mais caro, mas o mais interessante. Além de tempo livre pra se curtir as praias, teve passeio de buggy e passeio de catamarã, onde chegamos bem perto de um importante porto.
Gente local se divertindo.

Pro último dia, a tão conhecida Praia dos Carneiros, aquela da igreja verde. Tivemos um tempo livre e depois fizemos um passeio de catamarã até a Praia de Guadalupe, onde tomamos banho de argila perto das falésias. Também não vi nenhum carneiro o dia todo, só que a origem deste nome eu não sei, pra contar pra vocês. Se souber, deixa nos comentários.


Capela de São Benedito, do século XVIII.


Banho de lama. "É você, Satanás?"

DISTÂNCIAS DO MARCO ZERO DE RECIFE:

João pessoa – 120km / Maragogi 130 km / Maceió 260 km / Porto de Galinhas 60km / Caruaru 160 km / Praia de Carneiros 100 km / Praia de Boa Viagem 13km / Praia de Maria Farinha 30 km / Cabo de Santo Agostinho 33km

Preço dos Passeios com a empresa Luck Receptivo (por pessoa e em janeiro de 2019):

Praias do Cabo Santo Agostinho, com catamarã e buggy - R$188,00

Praia dos Carneiros - R$98,00

João Pessoa - R$98,00

Este é um monumento dedicado às vítimas de acidentes de trânsito.
Passei por ele várias vezes. Conscientiza e choca.


Nenhum comentário:

Postar um comentário