sábado, 27 de outubro de 2012

Moinhos de Vento

"O coração do homem é como um moinho, que trabalha sem parar. Se não há nada para moer, corre o risco de se triturar a si."
Martinho Lutero, sacerdote.
Ana, Alessandra, Carmen e eu pedindo forças aos céus para subirmos a Escadaria da Fé, em Antônio Prado-RS.
Dizem que ferreiro, sapateiro são profissões que logo acabarão. Acredito nessa possibilidade, mas deixo de pensar assim quando conheço pessoas como as que conheci neste mês em Antônio Prado a 184 km de Porto Alegre. Por apenas R$15,00 um passeio de duas horas de duração me levou a um moinho de três andares e mais de 100 anos de idade. Quando digo que o moinho tem três andares, não quero dizer que o tamanho da roda corresponde a um prédio de três andares, mas que a maquinaria toda ocupa três andares da casa. A roda, que gira pela força da água, fica do lado de fora. A mantenedora do local, Dona Catarina, uma senhora de mais de 60 anos, com problemas nos joelhos e com aquele sotaque de italiano que ora eu acho bonito ora eu acho engraçado nos explicou como ele funciona. Mas eu já não me lembro mais de nada. Era tanta coisa funcionando ao mesmo tempo, batendo, subindo, descendo, saindo, entrando, girando, que era difícil perceber onde tudo começava e terminava. A história que realmente ficou foi a de duas crianças que brincavam no local sem medo algum de alguma correia se soltar, ou de caírem na água: um dia, batendo a mão na correia do jeito que fazem no vídeo abaixo, esta se soltou. Levaram uma mijada da tia (no Rio Grande do Sul, quer dizer levar xingo, levar um pito) porque tiveram de desligar a máquina e encaixar a correia de novo):

A segunda parada foi na Ferraria dos Marsílio, onde também havia peças em madeira, o que me fez concluir que, em casa de ferreiro, o espeto também pode ser de pau. Seu Marsílio também gosta de contar histórias enquanto trabalha. Mas a veracidade de seus “causos” deixa a desejar:

Esses dois pontos turísticos de Antônio Prado, embora sejam locais familiares, recebem apoio por parte da prefeitura. Mesmo assim, uma contribuição de R$2,00 é bem-vinda. Se você se interessou mais pelo moinho do que pela ferraria, pode encontrar um também em Nova Petrópolis, a 100 km de Porto Alegre e sair de lá se sentindo o próprio Dom Quixote. A terceira e última parada desse passeio foi a Agroindústria Pérola da Terra, que trabalha com produtos orgânicos, sem qualquer tipo de agrotóxico. A proprietária nos explicou que “Pérola da Terra” pode parecer um nome bonito, mas, pra quem conhece, não é. Pérola da terra é o nome de uma praga que ataca raízes de plantas cultivadas e silvestres. A empresa consegue controlá-la com compostos sem uso de agrotóxico. Compre o suco de framboesa deles, é o melhor.
Igreja Matriz de Antônio Prado.

Antônio Prado tem o maior acervo arquitetônico italiano do Brasil, mais de 40 casas tombadas pelo Iphan, é patrimônio nacional, mas não recebe nem a quinta parte dos turistas que preferem ir a Gramado ou Canela. Por causa dessa característica única, o local serviu de locação para o filme O Quatrilho. Para o turista ainda resta conhecer museus, cascatas e igrejas. Uma vez por ano, acontece a Fenamassa, um evento de louvor ao macarrão. Bem, pra nós, do sudeste, tudo é macarrão. Mas, aqui, não. Macarrão é um tipo específico de massa, assim como agnoline, tortéi, capeletti, nhoque, lasanha, fusili, etc., etc., etc. Na feira, que durou dois finais de semana neste ano, há apresentações de dança, música e teatro, oficinas de culinária, e muita degustação. Mesmo com tanta coisa interessante no interior do Rio Grande do Sul, é uma pena que os turistas só queiram saber de Gramado.
Prédio que abriga o Moinho Rasche, em Nova Petrópolis.
Nova Petrópolis está entre Caxias do Sul e Gramado e dá pra se conhecer em um dia, outra boa opção de parada, caso você esteja na Serra Gaúcha. Com apenas R$5,00, você entra no Parque Aldeia do Imigrante e revive a colonização alemã na cidade. Construções antigas de capela, escola e cemitério podem ser visitadas por dentro e por fora. Mas o mais interessante na cidade é de graça, o Moinho Rasche, prédio de quatro andares que ocupa uma grande máquina que percorre todos os andares. Só que, aqui, o sotaque do anfitrião é alemão, uma delícia de se escutar também.
Uma das antiguidades no Parque de Nova Petrópolis

No meio do caminho, visite a Loja Kukos, de relógios dos mais variados tipos e tamanhos, mas visite apenas de curiosidade, pois, pra se ter uma ideia, há relógios lá que chegam a custar R$35.000,00:
Incline a cabeça pra direita. Não consegui virar a foto.
Deixe pra visitar a cidade também em outubro, que é quando acontece o Festival da Primavera. Nova Petrópolis é famosa por seus belos jardins e flores. É conhecida como o Jardim da Serra Gaúcha.
 

 

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